Review: Queen – The Works (1984)


Décimo primeiro álbum do Queen, The Works chegou às lojas em 27 de fevereiro de 1984 e trouxe a banda britânica tentando apagar a impressão nada positiva de seus dois trabalhos anteriores, a trilha para Flash Gordon (1980) e, principalmente, Hot Space (1982). Ainda que a década de 1980 tenha começado bem para o quarteto com The Game (1980), era hora de mostrar que o Queen ainda continuava relevante e criativo.

The Works deixou de lado o excesso de sintetizadores de Hot Space e retomou a pegada rock do grupo, abordagem essa liderada pelo guitarrista Brian May e pelo baterista Roger Taylor. Há também momentos de aproximação com o nascente pop eletrônico, com a banda não abdicando totalmente da experimentação e de seu lado aventuresco. O álbum foi gravado em Los Angeles e em Munique, entre agosto de 1983 e janeiro de 1984, com produção de Reinhold Mack e da própria banda.

Após a turnê de Hot Space o Queen deu uma pausa, o que proporcionou tempo para colaborações e para o desenvolvimento de projetos pessoais. May trabalhou com Eddie Van Halen e outros músicos no Star Fleet Project, que rendeu um EP três músicas lançado no início de novembro de 1983. Já Freddie Mercury e Roger Taylor se dedicaram aos seus álbuns solo, Mr. Bad Guy (1985) e Strange Frontier (1984), respectivamente.

A recepção a The Works foi apenas mediana entre a crítica, que reclamou da falta de energia e pegada em relação aos discos lançados nos anos 1970, porém, puxado pelos hits “Radio Ga Ga”, “I Want to Break Free” e “Hammer to Fall”, o álbum teve uma performance decente nas paradas norte-americanas, onde chegou na posição 23 da Billboard, e foi muito bem no Reino Unido, alcançando a segunda posição, totalizando mais de 6 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Nos EUA em particular, a recepção negativa ao vídeo de “I Want to Break Free”, onde os músicos apareceram travestidos como mulheres, fez a banda decidir não excursionar pelo país, o que afetou consideravelmente as vendas no país.

The Works apresenta boas canções e alguns dos clássicos do Queen, como a hoje manjada mais inegavelmente classuda “Radio Ga Ga”, o chiclete sonoro e funkeado “I Want to Break Free” e a pegada hard rock de “Hammer to Fall”, além do peso – apesar dos timbres datados – de “Tear It Up”, a delícia pop que é “It’s a Hard Life” e “Man on the Prowl”, onde Freddie emula a maneira de cantar de Elvis Presley. Porém, esses acertos convivem lado a lado com momentos não tão inspirados como “Machines (Or Back to Humans)”, que tenta ser inovadora mas consegue, no máximo, transmitir a sensação de uma composição confusa e sem pé nem cabeça.

O Queen seria muito mais eficiente no disco seguinte, A Kind of Magic (1986), mas mesmo assim The Works deixou claro não apenas que Freddie Mercury e companhia ainda tinham o que mostrar, mas que a banda continuava sendo uma das mais populares de todos os tempos.

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