Review: The Smiths – Meat is Murder (1985)


Meat is Murder
é o segundo álbum da banda inglesa The Smiths e foi lançado em 11 de fevereiro de 1985 pela Rough Trade Records. Tornou-se o único disco do grupo a alcançar o primeiro lugar na UK Albums Chart, além de chegar na posição 110 no Billboard 200.

Após o debut de 1984, o vocalista Morrissey e o guitarrista Johnny Marr produziram o álbum sozinhos, auxiliados apenas pelo engenheiro Stephen Street. Para construir a paisagem sonora do disco, Morrissey forneceu a Marr e Street suas cópias pessoais de registros de efeitos sonoros da BBC para obter amostras. Morrissey continuaria com esta prática em futuros singles e álbuns dos Smiths.

Meat is Murder é um trabalho mais estridente e político do que seu antecessor, incluindo a faixa-título pró-vegetariana (Morrissey inclusive proibiu o resto da banda de ser fotografada comendo carne) e o castigo anti-corporal "The Headmaster Ritual". Musicalmente, os Smiths ficaram mais aventureiros, com Johnny Marr e o baixista Andy Rourke canalizando influências do rockabilly e do funk em "Rusholme Ruffians" e "Barbarism Begins at Home".

Morrissey também trouxe uma postura política em muitas de suas entrevistas. Entre os seus alvos estavam a administração da então Primeira-Ministra inglesa Margaret Thatcher, a monarquia e os seus contemporâneos musicais. Quando questionado sobre o Band Aid, que estava sendo fortemente promovido na mídia britânica na época, ele brincou: “Pode-se ter grande preocupação com o povo da Etiópia, mas outra coisa é infligir tortura diária ao povo da Inglaterra”. Da mesma forma, o vocalista começou a promover o vegetarianismo em programas ao vivo e entrevistas, em uma ocasião conseguindo inclusive convencer um programa de TV escocês a transmitir imagens de matadouros durante a hora do jantar.


A capa do álbum usa uma fotografia de 1967 de um fuzileiro naval americano chamado Michael Wynn, tirada durante a Guerra do Vietnã. O texto em seu capacete tinha originalmente a frase “Make War Not Love” (“Faça guerra, não faça amor”), uma crítica ao movimento Flower Power do final da década de 1960 que pregava exatamente o contrário – "Faça amor, não faça guerra". A banda alterou a frase para o título do disco. O próprio Wynn afirmou em 2019 que nunca lhe foi solicitada permissão para o uso da foto e que "não fiquei muito feliz" com a mudança do texto no capacete.

Em 2003, Meat is Murder foi classificado em 295º lugar na lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos da revista Rolling Stone, e na posição 296 em uma lista revisada de 2012. O álbum também foi incluído no livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer.

Entre as canções, destaque para “The Headmaster Ritual”, “Rusholme Ruffians”, “Nowhere Fast” e para as duas últimas longas canções, “Barbarism Begins at Home” e “Meat is Murder”, ambas com mais de seis minutos. Vale mencionar que “Well I Wonder” se transformou em um grande hit do quarteto, inclusive no Brasil. "How Soon is Now?", um dos maiores clássicos do The Smiths, foi adicionada ao tracklist de versão norte-americana do álbum, abrindo o lado B do LP. Todos os lançamentos nos EUA antes de 2011 incluem a música. No Reino Unido, o LP e CD originais não incluíam a canção, embora ela tenha entrado no relançamento do CD de 1993. A remasterização de 2011, tanto em CD quanto em LP, restaurou a lista de faixas original, deixando “How Soon is Now?” de fora. A edição brasileira, lançada em vinil em 1986, segue a original inglesa e não inclui a faixa.

Meat is Murder preparou o terreno para o álbum seguinte, o clássico The Queen is Dead (1986), que colocou de vez os Smiths como uma das grandes bandas da década de 1980 e marcou profundamente a carreira da banda. Porém, para o disco de 1986 existir, foi preciso a banda experimentar antes em Meat is Murder tudo o pretendia fazer.


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