Review: Slash – Orgy of the Damned (2024)


Slash usa um recurso manjado em seu novo álbum, um truque que já rendeu discos multiplatinados como Supernatural (1999) de Santana e que o próprio guitarrista do Guns N’ Roses utilizou em seu primeiro trabalho solo, autointitulado, lançado em 2010: a presença de diversos convidados especiais. O resultado é como o time de convidados: varia entre bons momentos e outros esquecíveis.

Orgy of the Damned traz versões para clássicos do blues interpretados por Slash ao lado de nomes como Chris Robinson, Billy Gibbons, Iggy Pop, Paul Rodgers, Brian Johnson e outras vozes lendárias. A ótima Beth Hart decepciona em “Stormy Monday”, mais gritando do que cantando. Já Demi Lovato surpreende com uma bela interpretação de “Papa Was a Rolling Stone”, uma das joias do catálogo da Motown. Outros destaques ficam por conta de Chris Robinson vestindo a carapuça do traficante dos bons sons em “The Pusher”, hino do Steppenwolf, enquanto Billy Gibbons entrega a classe costumeira em uma inspirada releitura da já batida “Hoochie Coochie Man”. É legal ouvir Brian Johnson totalmente relaxado e claramente se divertindo em “Killing Floor”, ao mesmo tempo em que Paul Rodgers soa burocrático demais em “Born Under a Bad Sign”.

O grande momento de Orgy of the Damned, no entanto, está na parceria entre Slash e Chris Stapleton em “Oh Well”, hino da primeira fase do Fleetwood Mac, aqui devidamente revitalizado por uma das melhores vozes da atual geração do country e southern rock dos Estados Unidos.

O disco fecha com a instrumental “Metal Chestnut”, composição inédita de Slash e que apenas amplia a grande função das outras faixas, que é servir de moldura para que o guitarrista voe alto em solos repletos de melodia e feeling. O curioso é que os melhores momentos do álbum estão justamente nas canções em que os convidados, presentes mais como chamarizes do que como protagonistas, mostram suas personalidades e somam forças ao inegável talento de Slash.

Orgy of the Damned é um álbum divertido e às vezes irregular como foi o primeiro disco de Slash, aquele lançado em 2010 e mencionado no primeiro parágrafo. Há bons momentos e outros nem tanto, mas esperar mais do que isso do guitarrista a esse altura de sua carreira é acreditar demais em uma utopia que nunca acontecerá.


Comentários

  1. Discordo um pouco de você! Achei o álbum bastante consistente e até digamos surpreendente, pois convidar a Demi para cantar, me pareceu algo bastante corajoso.
    Ouvi atentamente o álbum e achei coeso e coerente e, é claro, explorando o que melhor deveria ser explorado, que é o talento inegável do Slash.
    Considero daqui um dos melhores de 2024 e, quem sabe um dia, acho eu, pode se tornar um clássico.
    Abraço e vida longa!

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  2. Rapaz, estou viciado no disco. Não sei o que o Slash faz que sempre que lança um disco, eu fico viciado. Curto demais a carreira dele. Esse último disco várias músicas ficaram na cabeça, e, por incrível que pareça, a que a Demi Lovato cantou, ficou presa na minha cabeça por dias. Tenho certeza que o disco estará na minha lista dos melhores do final do ano...

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