Review: Ramones – Animal Boy (1986)


O nono álbum do Ramones, Animal Boy (1986), traz uma das coleções de canções mais fortes entregues pela banda durante a década de 1980, período da carreira do grupo marcado por experimentações e que, historicamente, é um tanto menosprezado pelos fãs. Resumindo: o cara se fiz fã do quarteto nova-iorquino mas ouviu apenas algumas coletâneas e os quatro primeiros discos, e daí pulou direto para Brain Drain (1989), a enfim tão esperada consagração comercial do grupo com o hit global “Pet Sematary”.

Divagações à parte, o fato é que há grandes trabalhos na fase oitentista do Ramones, e Animal Boy se destaca entre eles. Internamente o clima estava pra lá de tenso, e isso se refletiu em contribuições criativas menores tanto de Joey quanto de Johnny Ramone, com a abscência do vocalista e do guitarrista abrindo caminho para que o baixista Dee Dee dominasse as composições. A pegada mais agressiva de Dee Dee gerou pedradas como a música que batiza o disco, “Love Kills” e “Eat the Rat” (dobradinha em que ele assume os vocais) e “Apeman Hop”, que traz o DNA do Ramones impresso durante toda a sua duração.

Animal Boy traz algumas das melhores canções dessa fase do Ramones, e que se tornaram hits facilmente lembrados até hoje. A primeira está já na abertura, com “Somebody Put Something in My Drink”, composta pelo baterista Richie Ramone e que se transformou em um dos grandes clássicos do grupo. A música que batiza o disco flerta com hardcore em voga no período, enquanto “My Brain is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)” é uma das faixas mais radiofônicas da carreira da banda. Outros destaques são “Mental Hell” (uma pérola composta por Joey Ramone), “Something to Believe In” (parceria de Dee Dee com o guitarrista Jean Beauvoir, do The Plasmatics, e que trabalhou também com o Kiss e Little Steven), a joia pop “She Belongs to Me” (outra parceria de Dee Dee com Beauvoir) e “Freak of Nature”. 

O álbum havia sido lançado apenas em LP no Brasil em 1986, e finalmente ganhou uma edição em CD quase quarenta anos depois pelas mãos da Wikimetal, Warner e Oporto da Música. O material vem em slipcase e encarte de doze páginas com as letras das canções.


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