Uma parcela do público de rock volta e meia vem com aquele papinho afirmando que “gostaria de ter vivido na época em que saíram os grandes clássicos”, referindo-se principalmente às décadas de 1970 e 1980. Pois bem, tenho uma ótima notícia: nós também podemos sentir essa sensação através de álbuns como Feral Roots, do Rival Sons. Sexto e melhor disco do quarteto californiano, o trabalho era inédito no Brasil e finalmente ganhou edição nacional através da parceria entre a Wikimetal, Warner e Oporto da Música, em uma edição digisleeve idêntica à que saiu nos Estados Unidos.
Escrevi sobre o álbum quando ele veio ao mundo, há cinco anos atrás, e não economizei nas palavras. Na época, afirmei que “Feral Roots é o disco que mostra porque o Rival Sons existe. Ninguém faz um som como eles. Trata-se de um álbum de gente grande, de uma banda que nasceu com imenso potencial, soube deixar as suas qualidades ainda mais fortes e corrigir as suas deficiências até chegar a um ponto como esse, onde tudo que foi feito antes se une para dar ao mundo um disco absolutamente impressionante”. Ouvindo-o novamente meia década depois, não só continuo com a mesma opinião como ela se solidificou ainda mais.
O disco foi o primeiro da banda pela Atlantic, e o tempo apenas reafirmou as suas imensas qualidades. Produzido por Dave Cobb, que trabalha com o Rival Sons desde o primeiro álbum, traz uma sonoridade interessante e um tanto inusitada, já que une, em diversos momentos, um apelo gospel ao hard rock clássico do quarteto. A primeira canção, “Do Your Worst”, já mostra isso em seu refrão. “Sugar on the Bone” mantém o alto nível, enquanto “Back in the Woods”, introduzida por um arregaço do baterista Michael Miley, se transformou em um dos cavalos de batalha do grupo.
A banda dá uma segurada em “Look Away”, canção mais contemplativa e que mostra a capacidade dos caras de transitar entre momentos de peso e de calmaria. Uma das grandes canções do disco, assim como a sensacional faixa título, que é de arrepiar de tão bela. “Too Bad” é épica e bebe direto da fonte setentista, e “Stood by Me” aposta no balanço groovado pra conquistar sem muito esforço.
É impossível não mencionar “Shooting Stars”, que é absolutamente brilhante. Aqui mais uma vez ouvimos a influência gospel, agora de forma ainda mais evidente, em uma canção que é arrepiante do início ao fim e traz uma performance sensacional do vocalista Jay Buchanan.
Feral Roots é um dos melhores discos não só dos últimos anos, mas também do século XXI. Sem exageros e sem medo de mergulhar em uma empolgação exagerada, trata-se de um trabalho incrível do início ao fim e que agora, finalmente, está disponível em formato físico para o público brasileiro.
Perfeito pra calar a boca de quem acha que o rock morreu. Trago notícias: ele passa bem e está muito vivo.
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