Review: Nestor – Teenage Rebel (2024)


Apostando em um nostálgico retorno aos anos 1980, a banda sueca Nestor mescla elementos clássicos com uma sonoridade moderna em Teenage Rebel, seu segundo disco. Formado durante aquela década, o quinteto passou por uma reformulação e lançou o seu debut, Kids in a Ghost Town, apenas em 2021. Teenage Rebel aprimora a receita do primeiro disco e demonstra a grande maestria da banda em capturar a essência da sonoridade que dominou a década de 1980, aquela espécie de hard rock com elementos de AOR e que aqui no Brasil se popularizou nos clássicos comerciais de TV dos cigarros Hollywood.

O álbum traz evidentes referências a bandas icônicas do período como Bon Jovi e Def Leppard, o que fará com que os fãs do estilo não apenas sintam uma conexão imediata com a música dos suecos, como também não encontrem dificuldades em gostar do disco. As letras falam sobre rebeldia, juventude e corações partidos. Ao mesmo tempo, as guitarras entregam belos solos, enquanto melodias cativantes são construídas com a companhia de um teclado onipresente. Além disso, os refrãos são sempre muito fortes. O trabalho vocal, com harmonias muito bem desenvolvidas e o belo timbre do cantor Tobias Gustavsson, é um dos pontos altos, o que facilita a assimilação das canções. Tudo isso transporta o ouvinte em uma viagem direta para a atmosfera oitentista.

Apesar do apelo ao passado, o Nestor soa contemporâneo graças à produção moderna e atual. Tudo é claro e nítido, com os timbres não soando datados, apesar de sua inspiração. Ainda que transite primordialmente pelo hard rock, a banda aproxima-se do pop em vários momentos, o que torna canções naturalmente acessíveis ainda mais fáceis de serem digeridas.

Quem gosta da sonoridade do hard rock da década de 1980 vai se deliciar com composições como “We Come Alive”, “Teenage Rebel”, “Last to Know”, “Victorius”, “Caroline” e “Addicted to Your Love”, com direito à inevitável balada melosa no meio do caminho, que aqui atende pelo título de “The One That Got Away” e fica no limite entre o bom gosto e a breguice.

Com o mercado musical abraçando de vez a tendência saudosista nos últimos anos, o Nestor entrega exatamente aquilo que uma grande parcela do público de rock espera: uma viagem sem pausas ao melhor do que o estilo produziu há quarenta anos atrás. Para quem é fã desta sonoridade, um bálsamo. Já para quem não suporta esse tipo de som, não deixa de ser uma prova de como o cenário musical prefere abraçar fórmulas que comprovadamente funcionam do que apostar em propostas mais inovadoras.

A audição de Teenage Rebel não facilita a resposta para essa questão, porque, por mais que a banda não esconda a sua proposta saudosista, faz isso de uma forma tão inspirada e sem soar apelativa que acaba conquistando pela qualidade de suas canções. Mesmo não sendo o maior fã não só deste tipo de som mas, sobretudo, deste olhar exagerado para o passado, confesso que gostei bastante do som dos suecos, que inegavelmente possuem grande talento e dominam completamente o que se propõe a fazer. 

Teenage Rebel, assim como o primeiro disco do Nestor, foi lançado no Brasil pela Hellion Records. A edição vem em CD com luva protetora e encarte de doze páginas com todas as letras, além de incluir um pôster com a arte da capa.


Comentários

  1. O Nestor é o tipo de banda para se ouvir sem "intelectualizar" muito...E o fato da banda não se levar a sério ajuda a simpatizarmos com ela. Agora, a música 21 tem uma parte que é um plágio descarado de um hit da década de 80 que eu não estou conseguindo me lembrar do nome. Alguém poderia me informar que sucesso é esse, por favor?

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