De certa forma, o Whom Gods Destroy dá sequência ao que o Sons of Apollo vinha fazendo. Explico: contando com o guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal e com o tecladista Derek Sherinian, o grupo entrega uma sonoridade semelhante ao supergrupo que os dois tinham (ou ainda tem, isso não ficou claro) com Mike Portnoy. O retorno do baterista ao Dream Theater deixou todos os projetos em que ele estava envolvido em banho-maria, e com isso a dupla decidiu seguir em frente com o ótimo vocalista Dino Jekusick (também no Whitesnake, onde é a voz backup de David Coverdale), o baixista Yas Nomura e o baterista Bruno Valverde (Angra).
Produzido pela própria banda e mixado por Bumblefoot, Insanium foi lançado em março. O álbum entrega uma sonoridade rica e variada, que mescla elementos de hard rock, metal progressivo e power metal. A banda não se prende a um único estilo, explorando diversas nuances. As músicas são complexas, cheias de detalhes e mudanças de dinâmicas, mas ao mesmo tempo cativantes e fáceis de acompanhar.
A influência do Dream Theater é evidente, especialmente na atmosfera progressiva e nos arranjos complexos. Os elementos de hard rock podem ser sentidos na combinação de riffs poderosos e melodias cativantes. A herança do Sons of Apollo é perceptível na busca por uma sonoridade mais moderna e a experimentação com diferentes estilos dentro do metal.
A banda soa coesa e como unidade, com destaque para a performance vocal de alto nível de Dino Jelusick. As guitarras mostram Bumblefoot séculos além do que ele fez nos tempos de Guns N’ Roses, explorando riffs intrincados e solos fortes, além dos duetos e “duelos” com o teclado de Derek Sherinian. O brasileiro Bruno Valverde mostra porque vem sendo cada vez mais reconhecido pelo seu trabalho – não à toa, ele foi efetivado como integrante do Smith/Kotzen, projeto de Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden, e Richie Kotzen. E Nomura é pra lá de virtuoso no baixo, na linha de John Myung, do Dream Theater.
Entre as oito canções, destaque para “In the Name of War”, que abre o álbum como uma verdadeira declaração de intenções e apresenta a banda da forma mais positiva possível. A dobradinha “The Decision” e “Crawl” mostra o grupo explorando sonoridades mais atuais com ricas passagens instrumentais. Em “Over Again” e “Find My Way Back”, Jelusick brilha de forma intensa e explora sua ampla versatilidade vocal, com um timbre poderoso que agrada sem muito esforço. A instrumental “Hypernova 158” é um presente pra quem curte metal progressivo e traz os músicos explorando suas habilidades técnicas ao máximo. O fechamento com a música título, uma suíte pesada dividida em três partes, é a cereja do bolo e o momento mais prog do álbum.
Insanium demonstra a maestria musical do Whom Gods Destroy, entregando uma sonoridade rica e variada. A performance impecável, a produção de alta qualidade e as composições complexas e cativantes chamam a atenção e mostram que a banda possui potencial para engatar uma carreira mais longeva e ir além, apagando a percepção de ser apenas um projeto com data de validade devido aos compromissos dos integrantes. Além disso, me parece que o disco não alcançou a repercussão merecida, já que apresenta qualidade para agradar não apenas os órfãos do Sons of Apollo, mas qualquer pessoa que curte um som pesado que é, ao mesmo tempo, intrincando e acessível.
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