Quadrinhos: O Nome da Rosa Vol. 1, de Umberto Eco e Milo Manara (2023, Editora Record)


Publicado em 1980, O Nome da Rosa é a maior obra-prima do escritor italiano Umberto Eco e um dos maiores livros do século XX. Estreia de Eco, a obra foi adaptada para o cinema em 1986 e é referenciada constantemente nas diversas vertentes da cultura pop. “Sign of the Cross”, a fenomenal canção que abre o álbum The X Factor (1995), do Iron Maiden, foi baseada no livro e é um exemplo disso.

Umberto Eco era também um grande fã de quadrinhos. Entre seus personagens favoritos estava Dylan Dog. E logo na abertura da edição brasileira, há uma citação sua que diz o seguinte: “Quando quero relaxar, leio um ensaio de Engels. Quando, ao contrário, desejo me empenhar, leio Corto Maltese”.

Com título homônimo ao livro, O Nome da Rosa Vol. 1 é uma adaptação em quadrinhos da obra de Eco feita pelo também italiano Milo Manara. Conhecido principalmente pelo seu trabalho nos quadrinhos eróticos, aqui Manara se debruça sobre um dos grandes textos do século XX e faz um trabalho magistral. Suas ilustrações são belíssimas, de um apuro técnico e bom gosto que chegam a embasbacar em certas páginas, como aquela em que revela a abadia onde se passa a trama.

Tecnicamente perfeita, a HQ é um deslumbre visual e também um deleite intelectual, fruto da união entre as mentes de Eco e Manara. Porém, sofre de um grande problema. O livro de Umberto possui 702 páginas, enquanto o quadrinho entrega apenas 72 páginas. Isso é explicado pelo “volume 1” presente no título, ainda que essa informação não esteja na capa da HQ. A leitura da edição é muito prazerosa, porém, quando chegamos no ponto de virada do roteiro, ela acaba abruptamente. Este não é um problema da edição brasileira, mas sim da original italiana, pois Manara publicou o primeiro volume de sua adaptação em maio de 2023, porém ainda não entregou a segunda e última edição. Ou seja, apesar de todas as suas inúmeras qualidades, a história não está completa e isso gera uma sensação de frustração ao final da leitura. Não sei ainda quando o segundo volume da adaptação será lançada na Itália, mas espero que não demore muito.

A edição brasileira foi publicada pela Editora Record em capa dura no formato 20,5x27,5, com 72 páginas impressa em papel pólen, incluindo uma bela galeria de esboços no final. A tradução foi de Raphael Salomão Khède, e a edição está primorosa, sem nenhum erro de revisão.

Agora é torcer para que o segundo volume não demore muito para sair.

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