Victor é o único álbum solo de Alex Lifeson, guitarrista do Rush, e foi lançado no início de 1996. Em relação à discografia do Rush, ele fica entre Counterparts (1993) e Test For Echo, este último lançado em setembro de 1996.
Lifeson montou uma banda sem Geddy Lee e Neil Peart e explorou sonoridades às vezes distintas e outras vezes próximas do Rush em Victor. Ao seu lado estão o vocalista Edwin (das bandas canadenses I Mother Earth e Crash Karma), o baixista Peter Cardinali (hoje presidente da gravadora Alma Records) e o baterista Blake Manning. O fenomenal baixista do Primus, Les Claypool, toca em “The Big Dance”, e a vocalista canadense Dalbello solta a voz em “Start Today”.
Musicalmente, Lifeson soa próximo ao Rush em canções como a abertura “Don’t Care” e em “Promise”, ambas com excelente performance vocal de Edwin. Já em “Start Today” ouvimos um riff que parece uma versão acelerada de “Four Sticks”, do Led Zeppelin, com Dalbello se destacando com uma interpretação que varia entre momentos mais calmos e outros em que solta a voz. A experimental e instrumental “Mr. X” é um dos destaques e parece unir Rush com Frank Zappa, enquanto “At the End” explora uma sonoridade mais contemplativa que conta com um arranjo ascendente e é uma das mais longas do disco, superando os seis minutos, e provavelmente possui os melhores solos de todo o trabalho.
Um riff funkeado introduz “Sending Out a Warning”, outra com um certo ar Zappa e excelente participação de Manning na bateria. Já em "Shut Up Shuttin’ Up” ouvimos um diálogo entre duas mulheres, uma delas a própria esposa de Alex, Charlene, enquanto a banda faz o seu som. Lifeson entrega mais uma faixa instrumental em “Strip and Go Naked”, agora com um acento mediterrâneo nos acordes e melodias. “The Big Dance” tem como atrativo a participação de Les Claypool no baixo, e mostra como Alex Lifeson soa ao lado de um baixista tão marcante quanto Geddy Lee, ainda que a composição poderia ter entregado mais passagens explorando a dinâmica entre os dois instrumentistas, em uma espécie de fan service tanto para os fãs do Rush quanto para os apreciadores do Primus.
O álbum caminha para o seu encerramento com a música título, uma adaptação musical do poema homônimo de W.H. Auden declamado pelo próprio Alex. O disco fecha com “I Am the Spirit”, bela composição que poderia estar em um álbum do Rush, onde certamente a performance raivosa de Edwin seria traduzida de outra forma por Geddy Lee.
Victor é um trabalho interessante que mostra Alex Lifeson colocando os dois pés para fora do vasto universo musical do Rush e alcançando um resultado bem satisfatório. Os acenos ao trio são esporádicos e bem desenvolvidos, enquanto as canções que exploram outros caminhos também agradam. Se você é fã do Rush, vale a pena conhecer, pois o resultado poderá surpreender seus ouvidos.
O álbum foi relançado em 2024 com uma nova arte de capa revitalizada e que alcançou um resultado estético superior ao original, na minha opinião. Além disso, a nova edição foi remasterizada.
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