Review: Uriah Heep – The Magician’s Birthday (1972)


O Uriah Heep gravou os seus dois melhores álbuns em 1972. Em um espaço de apenas seis meses chegaram às lojas os clássicos Demons and Wizards e The Magician’s Birthday. Meu preferido sempre foi o segundo, talvez por ter sido meu primeiro contato mais profundo com a banda inglesa. Assim como ocorreu com Demons and Wizards, The Magician’s Birthday também foi relançado no mercado brasileiro em uma edição especial em CD duplo. Esta é a primeira vez que o álbum sai no formato em nosso país.

The Magician's Birthday apresenta uma sonoridade rica e diversificada, combinando elementos do hard rock, blues e rock progressivo. Os arranjos são complexos, com solos de guitarra memoráveis e melodias cativantes que exploram diferentes tonalidades e ritmos. O vocalista David Byron entrega uma de suas melhores performances, com interpretações teatrais que não soam forçadas mas fazem toda a diferença em cada uma das oito canções.

"Sunrise" abre o álbum com um arranjo grandioso e uma melodia cativante. A música cria uma atmosfera mágica e transporta o ouvinte para um mundo de fantasia. Uma das faixas mais conhecidas do álbum, "Spider Woman" é um clássico do hard rock, com um riff marcante e uma letra cativante. A canção combina elementos de blues e rock psicodélico, e se tornou um dos maiores sucessos da banda, e, em certos aspectos, possui similaridades com “Easy Livin’”, destaque de Demons and Wizards e igualmente um dos grandes hinos da banda. "Blind Eye" apresenta um riff poderoso e uma melodia envolvente, tudo com uma levada acústica que dá um certo ar folk à composição. A letra aborda temas como a hipocrisia e a cegueira da sociedade, e a música se destaca pela sua intensidade e energia. Já “Echoes in the Dark” é uma balada épica com um arranjo grandioso e um solo de guitarra memorável. A letra evoca sentimentos de melancolia e introspecção, e a música se tornou um dos momentos mais emocionantes do álbum.

"Sweet Lorraine" merece até um parágrafo à parte. A introdução parece vinda de um filme de terror, com o teclado de Ken Hensley criando uma atmosférica tétrica e apavorante, que é interrompida por uma improvável guitarra funkeada. Uma música sensacional e um dos destaques do disco, com Hensley fazendo experimentações nos sintetizadores, o que imprime um ar futurista para a composição. "Tales" vem a seguir e sempre foi uma das minhas favoritas. Uma canção atmosférica com arranjo ascendente e enorme performance vocal de Byron. A melodia hipnótica transporta o ouvinte para a multicolorida atmosfera apresentada na capa do álbum, sensação intensificada pela letra rica em simbolismo que conduz por uma jornada através de um mundo de fantasia e mistério. A faixa-título é uma jornada musical de mais de 10 minutos, que explora diferentes climas e texturas. Uma verdadeira obra-prima do rock progressivo, com arranjos complexos e solos virtuosos, principalmente os saídos da guitarra de Mick Box. Um encerramento primoroso para um álbum praticamente perfeito.

A capa de The Magician's Birthday é tão icônica quanto a música contida no álbum. Criada pelo renomado artista Roger Dean, retrata um cenário surreal e onírico, com cores vibrantes e formas sinuosas. Uma figura central, com aparência mágica e misteriosa, domina a imagem, cercada por elementos da natureza. A ilustração estabelece uma conexão direta com o tema do disco, com a figura central, com seus poderes mágicos, representando o "mago" do título, enquanto o ambiente surreal evoca a atmosfera mística e onírica presente em muitas das músicas.

A edição dupla lançada pela Wikimetal vem com quinze faixas extras no segundo CD, a grande maioria versões alternativas das canções do álbum presentes em singles e outras gravações. Entre elas há uma faixa inédita, “Silver White Man”. A edição é em digipack com três faces, formando uma espécie de box, e traz um encarte de vinte páginas com a história do disco, fotos e ilustrações.

Aproveite o relançamento de The Magician’s Birthday e conheça este álbum. Ou reouça, se você já conhece. Ou compre mais uma cópia, porque essa edição dupla vale o investimento.


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