Após a saída de Ronnie James Dio e a dissolução da formação do álbum Dehumanizer (1992), o grupo trouxe de volta Tony Martin, que já havia trabalhado com a banda nos discos The Eternal Idol (1987) e Headless Cross (1989). Com a permanência de Geezer Butler no baixo, Cross Purposes ganhou uma sonoridade distinta, mesclando o peso clássico do Black Sabbath com melodias mais acessíveis.
"I Witness" abre o álbum de forma energética, com riffs poderosos de Iommi e um refrão marcante. "Cross of Thorns" é um dos momentos mais épicos do álbum, começando de forma melancólica e evoluindo para um peso dramático. "Psychophobia" tem um groove marcante e uma performance vocal expressiva de Martin. "Virtual Death" é uma música densa e sombria, lembrando a fase inicial da banda, com um andamento arrastado e atmosfera carregada. Já "Dying for Love" é uma balada poderosa, com um trabalho de guitarra mais melódico e vocais emotivos. Uma das faixas mais acessíveis do disco, "The Hand That Rocks the Cradle" traz uma pegada mais hard rock. E "Evil Eye" com uma pegada direta e um solo incrível de Iommi, foi coescrita com Eddie Van Halen (embora ele não tenha sido creditado).
A produção é sólida, equilibrando a agressividade dos riffs de Tony Iommi com a clareza dos vocais de Tony Martin. A bateria de Bobby Rondinelli (ex-Blue Öyster Cult e Rainbow) é eficaz, mas não tão marcante quanto a de Bill Ward ou Vinny Appice. Geezer Butler, por sua vez, adiciona peso com linhas de baixo densas e bem trabalhadas. O uso de teclados por Geoff Nicholls cria uma atmosfera discreta, sem comprometer a identidade da banda.
Embora Cross Purposes tenha sido bem recebido por parte dos fãs, ele não teve o mesmo impacto comercial de álbuns anteriores. Muitos consideram esse um dos discos mais subestimados do Black Sabbath, principalmente pela forte presença de Tony Iommi e a performance consistente de Tony Martin. No entanto, a falta de apoio da gravadora e as constantes mudanças na formação impediram que o álbum recebesse a atenção merecida.
Cross Purposes é um álbum que merece mais reconhecimento. Ele traz um equilíbrio interessante entre o peso tradicional do Black Sabbath e melodias mais acessíveis, destacando a versatilidade da banda na década de 1990. Para quem aprecia a fase Tony Martin, este disco é uma excelente adição à discografia do Black Sabbath, mostrando que mesmo fora dos holofotes, a banda ainda era capaz de criar grandes momentos de inegável qualidade.
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