Lançado em 9 de setembro de 1983, Born Again ocupa um lugar peculiar na discografia do Black Sabbath. Após a saída de Ronnie James Dio, a banda enfrentava uma fase de instabilidade e, como solução, recrutou Ian Gillan, ex-vocalista do Deep Purple, que também atravessava um momento difícil em sua carreira solo. A junção dessas duas forças gerou uma mistura inusitada de estilos e interpretações que desafia expectativas.
O álbum marcou um período de experimentação para o Black Sabbath. A formação contou com Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo), Bill Ward (bateria) e Ian Gillan (vocal). Apesar das grandes expectativas, a parceria suscitou ceticismo, sobretudo devido às diferenças estilísticas entre Gillan e o som característico da banda. Gillan, com seu estilo vocal mais associado ao hard rock refinado e plural do Deep Purple, destoava do peso monolítico e sombrio que os fãs esperavam do Sabbath.
Um dos maiores desafios de Born Again é sua produção, amplamente criticada por sua mixagem confusa e áspera, que compromete a clareza dos instrumentos. O próprio Iommi admitiu que o resultado final não refletia a visão original da banda. Contudo, esse acabamento bruto também confere ao álbum uma atmosfera densa e sombria, que, em certo sentido, combina com sua proposta conceitual.
Superados os obstáculos da sonoridade, o álbum revela faixas marcantes. "Trashed", inspirada em um episódio autobiográfico de Gillan envolvendo direção imprudente e excesso de álcool, abre o disco com energia explosiva. "Disturbing the Priest" se destaca pela tensão dramática e pela fusão dos elementos clássicos do Sabbath com a teatralidade de Gillan. A faixa-título, "Born Again", exala melancolia com sua introdução sombria e uma performance vocal carregada de emoção. Já "Zero the Hero", com seu riff pesado e arrastado, é um dos maiores destaques, capturando a essência do Sabbath enquanto explora novos territórios sonoros.
Na época de seu lançamento, Born Again recebeu críticas mistas. A inclusão de Ian Gillan dividiu os fãs, e a produção foi amplamente reprovada. Entretanto, ao longo dos anos, o álbum conquistou um status cult, sendo reconhecido por sua peculiaridade e momentos de brilhantismo.
Embora não alcance o prestígio de clássicos como Paranoid (1970) ou Heaven and Hell (1980), Born Again é um experimento ousado, fruto de uma época de transição. Ele reflete a versatilidade do Black Sabbath e sua disposição para experimentar, mesmo que o resultado final não agrade a todos. Imperfeito, mas memorável, o álbum oferece uma colaboração única entre duas das maiores forças do rock e do metal. Para os fãs de Sabbath e Deep Purple, ele é um fascinante ponto de convergência entre universos musicais distintos.
Música pode ser equivalente a uma comida, que nunca gostávamos e que começamos a apreciar. Música se equipara a um amadurecimento e percepção da nossa jornada de vida.
ResponderExcluirFaala Ricardo S., espero que estejas bem.
ResponderExcluirNesse discordo radical//te de ti, pois sempre gostei desse álbum...um crossover de sei-lá-o-que, mas com cara de filme B, tz pelo clipe de Trashed...mas um som pesado, distorcido...quer algo mais diabólico que o início de Disturbing the priest?? O baixo de Geezer trovejando pelas músicas...Digital Bitch, paulada...Born Again é Keep it warm, meio jeito Dio de ser, meio fase solo de Gillan, acho as mais fracas, pois as demais são pesadas, umas mais rápidas, outras menos, mas sempre pesadas...
A edição luxo, nos stremers da vida, tem um segundo do CD com versões ao vivo, inclusive de clássicos do Sabbath...d+ ouvir Gillan berrando Ozzy ....