O mundo conheceu o Deep Purple de verdade com In Rock. Embora a banda já tivesse lançado três álbuns antes – Shades of Deep Purple (1968), The Book of Taliesyn (1968) e Deep Purple (1969), além do experimento ao vivo Concerto for Group and Orchestra (1969) –, foi com a chegada de Ian Gillan e Roger Glover (que já haviam participado do Concerto) que o quinteto inglês encontrou seu som definitivo. A fase com Rod Evans nos vocais é interessante, dialoga com o rock dos anos 1950 e flerta com o psicodelismo, mas o peso que marcaria a identidade do Deep Purple só veio de fato com In Rock.
Lançado em 5 de junho de 1970, o álbum surgiu no mesmo ano dos dois primeiros trabalhos do Black Sabbath e após o Led Zeppelin ter colocado no mercado seus dois primeiros discos. Com In Rock, a tríade sagrada do rock pesado dos anos 1970 estava completa. As sete faixas do álbum mostraram que o Purple havia se transformado completamente e soava como outra banda. Essa mudança fica evidente logo na introdução de “Speed King”, com a coda e o feedback da guitarra de Ritchie Blackmore, que abrem o disco com agressividade e intensidade. A faixa também serviu como cartão de visitas para Ian Gillan, cuja performance vocal é uma das mais impressionantes de sua carreira. A produção, mais crua e ousada, assinada pela própria banda, intensifica essa abordagem e tornou o álbum, com o tempo, um dos mais pesados – se não o mais pesado – da discografia do Deep Purple.
“Bloodsucker” mantém o peso e a intensidade, consolidando o padrão do disco. Já a clássica “Child in Time” conecta o passado e o presente da banda, combinando a psicodelia da fase anterior com as influências de música erudita do tecladista Jon Lord. O resultado é uma explosão sonora única, que elevou a música a um dos maiores clássicos do Deep Purple. Suas performances ao vivo, como a registrada em Made in Japan (1972), são até hoje consideradas lendárias. Outras faixas, como “Flight of the Rat”, “Into the Fire” e “Living Wreck”, embora menos celebradas, mantêm o alto nível do álbum. O encerramento fica por conta de “Hard Lovin’ Man”, um turbilhão sonoro que reforça a intensidade presente em todo o trabalho, com performances impecáveis de todos os membros da banda. O single “Black Night”, lançado na época e posteriormente integrado ao tracklist oficial, agrega ainda mais força ao álbum.
No Brasil, In Rock estava fora de catálogo até ser relançado pela Wikimetal. Essa nova edição, em CD com luva protetora, é a versão comemorativa de 25 anos do álbum, lançada internacionalmente nos anos 1990. A edição inclui sete faixas bônus e trechos de diálogos entre os músicos, além de um trabalho de remasterização que reforça a potência sonora do disco. O encarte de 24 páginas conta a história do álbum, com entrevistas e informações detalhadas, formando um verdadeiro documento sobre essa obra-prima.
In Rock consolidou a MK II como a formação definitiva do Deep Purple, algo confirmado pelos lançamentos subsequentes, como Machine Head e o ao vivo Made in Japan, ambos de 1972. A chegada de Ian Gillan e Roger Glover transformou o Deep Purple em uma força da natureza, com som e peso avassaladores – além de egos igualmente grandes, que levaram ao fim prematuro dessa formação em 1973.
Do ano prolífico de 1970, acredito que esse foi o melhor disco lançado. Para mim é o melhor do Purple, já que estou de saco cheio de ouvir o Machine Head e "Smoke on the Water", tudo junto... O In Rock é muito foda demais!
ResponderExcluir