Who Do We Think We Are (1973), a despedida da formação clássica do Deep Purple


Who Do We Think We Are
, lançado em 26 de janeiro de 1973, é o sétimo álbum do Deep Purple. Ele marca o final da formação Mark II (Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice) até sua reunião em 1984, com o lançamento de Perfect Strangers. É um disco significativo, mas também polêmico, dado o contexto de tensões internas que culminaram com a saída de Ian Gillan e Roger Glover após seu lançamento.

Durante as gravações, a banda enfrentava dificuldades devido ao desgaste causado por uma agenda intensa de turnês e disputas internas, especialmente entre Gillan e Blackmore. Isso afetou a dinâmica criativa e o processo de produção, resultando em um álbum menos coeso que seus antecessores, como Machine Head (1972) ou In Rock (1970).

A abertura com "Woman from Tokyo" traz uma das faixas mais conhecidas da banda, com uma introdução icônica e riffs marcantes de Blackmore. A música celebra a turnê japonesa do grupo, que gerou o clássico ao vivo Made in Japan (1982), misturando rock clássico com elementos progressivos. "Mary Long" é uma crítica social ácida, combinando um tom sarcástico com uma pegada mais bluesy. A letra faz alusão a figuras moralistas da época. Já "Super Trouper" é um rock direto com riffs característicos e uma melodia vocal envolvente, mas que carece do impacto das faixas mais memoráveis da banda.

Em "Smooth Dancer" temos um desabafo pessoal de Ian Gillan direcionado a Ritchie Blackmore. A música é energética, com destaque para o trabalho rítmico de Ian Paice e os teclados de Jon Lord. "Rat Bat Blue" é um dos destaques do álbum, com uma linha de teclado impressionante e uma energia que remete ao estilo mais agressivo da banda. Já em "Place in Line" ouvimos uma faixa bluesy, longa e introspectiva. Mostra uma banda tentando variar seu som, mas sem a força habitual. Encerrando o álbum, "Our Lady" é uma balada incomum para o Deep Purple, com harmonias vocais suaves e uma abordagem melódica mais acessível.


Na época, Who Do We Think We Are recebeu críticas mistas. Apesar de conter faixas poderosas, ele foi considerado inferior a trabalhos anteriores. A produção foi criticada por soar menos vibrante, reflexo das tensões internas. Ainda assim, comercialmente, o álbum foi bem-sucedido, especialmente devido ao single "Woman from Tokyo". Com o passar do tempo, o disco ganhou maior apreciação, sendo visto como uma transição importante na carreira do Deep Purple e um registro valioso da formação Mark II. Ele mostra uma banda ainda criativa, mas lidando com seus limites.

Who Do We Think We Are é um álbum de contrastes. Embora contenha momentos brilhantes, não possui a consistência de outros clássicos da banda. Ele reflete uma era de mudanças e dificuldades, mas mantém o DNA criativo e técnico que tornou o Deep Purple uma lenda do rock.


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