Entre a guerra e a glória: a transformação do Manowar em Fighting the World (1987)


Lançado em 17 de fevereiro de 1987, Fighting the World é o quinto álbum do Manowar e representa um momento crucial na trajetória do grupo. Foi o primeiro álbum da banda a ser gravado e mixado inteiramente em formato digital, refletindo um avanço na produção e um esforço para atingir um público mais amplo. Com esse disco, o Manowar buscou equilibrar sua sonoridade agressiva e épica com elementos mais acessíveis, sem comprometer sua identidade e compromisso com o metal.

Diferente dos álbuns anteriores, Fighting the World apresenta uma produção mais polida e clara, permitindo que os instrumentos soem mais definidos e impactantes. O baixo de Joey DeMaio continua a ser um dos elementos mais marcantes, muitas vezes soando como uma segunda guitarra devido ao seu estilo agressivo de tocar. A bateria de Scott Columbus tem um impacto sonoro mais destacado, com timbres fortes que reforçam a grandiosidade das composições. Já o guitarrista Ross "The Boss" Friedman entrega riffs poderosos e solos cheios de feeling, enquanto Eric Adams mantém sua posição como um dos vocalistas mais potentes e expressivos do metal, atingindo notas altas com facilidade e emoção.

A força do álbum está na sua capacidade de combinar hinos de batalha, letras inspiradoras e o tradicional espírito guerreiro do Manowar, que exalta valores como lealdade, honra e a devoção ao metal. A faixa-título abre o álbum com uma pegada direta e um refrão contagiante. A música funciona como um verdadeiro manifesto da banda, reafirmando sua missão de lutar contra qualquer oposição ao heavy metal. "Blow Your Speakers" é uma das faixas mais comerciais do Manowar, abordando a frustração dos fãs de metal com a falta de representatividade do gênero nas rádios e na MTV. Com um ritmo cativante e uma pegada mais hard rock, a faixa tenta expandir o público da banda sem perder a atitude característica. Uma das músicas mais melódicas do disco, “Carry On” tem uma estrutura próxima às power ballads da época, mas sem abrir mão do peso. A letra motivacional fala sobre persistência e superação, tornando-se um dos hinos mais positivos da banda. Retornando à agressividade, "Violence and Bloodshed" apresenta riffs rápidos e um vocal feroz de Eric Adams. A música evoca imagens de batalha e guerra, mantendo a tradição épica do Manowar.


Um dos momentos mais marcantes do álbum, “Defender” é uma composição dramática e grandiosa, destacada pela narração do lendário ator Orson Welles. A letra apresenta um diálogo emocionante entre um pai e seu filho, passando uma mensagem de coragem e proteção. A atmosfera épica e o peso fazem dela um dos grandes destaques do disco. O álbum se encerra com "Black Wind, Fire and Steel", uma das músicas mais agressivas da carreira da banda. Essa canção rápida e poderosa influenciou fortemente o desenvolvimento do power metal e do speed metal, com seus vocais extremos e instrumentação veloz.

O lançamento de Fighting the World marcou a primeira vez que o Manowar tentou atingir um público maior sem comprometer sua identidade. Algumas das canções, como “Blow Your Speakers” e “Carry On”, foram feitas com um apelo mais acessível, mas ainda assim mantiveram a essência guerreira e épica da banda. O álbum também abriu caminho para Kings of Metal (1988), um dos maiores sucessos do Manowar e um dos discos mais influentes do heavy metal.

Embora Fighting the World tenha dividido opiniões – com alguns fãs mais puristas vendo a sonoridade mais acessível como um afastamento das raízes da banda –, ele se consolidou como um clássico do Manowar e do metal dos anos 1980. Seu impacto pode ser visto na influência sobre bandas posteriores e na sua relevância dentro da cena metálica até os dias de hoje.

No geral, Fighting the World é um álbum que combina acessibilidade e peso de maneira equilibrada, apresentando uma produção refinada e músicas cativantes sem perder o espírito épico característico do Manowar. Para os fãs, continua sendo um disco icônico que representa bem a transição da banda para um público mais amplo, sem abandonar sua essência guerreira.


Comentários