No Line on the Horizon (2009): o álbum do U2 que merece uma segunda chance


No Line on the Horizon
é o décimo segundo álbum do U2 e marca uma tentativa da banda de se reinventar após o sucesso comercial de How to Dismantle an Atomic Bomb (2004). Produzido por Brian Eno, Daniel Lanois e Steve Lillywhite, o disco apresenta uma sonoridade mais experimental e atmosférica, buscando se afastar da fórmula radiofônica que dominou seus trabalhos anteriores nos anos 2000.

O álbum foi gravado em diferentes locais, incluindo Fez (Marrocos), Dublin, Londres e Nova York, e reflete uma fusão de influências que vão do rock alternativo à música eletrônica e ao ambient. A parceria com Brian Eno e Daniel Lanois trouxe texturas mais etéreas e menos convencionais, remetendo a momentos da fase Achtung Baby (1991) e Zooropa (1993), mas sem abandonar completamente o apelo pop.

Faixas como “No Line on the Horizon” e “Moment of Surrender” apresentam uma construção lenta e grandiosa, com arranjos imersivos e uma abordagem menos imediata. “Magnificent”, por outro lado, combina a grandiosidade melódica do U2 com batidas eletrônicas sutis, criando um dos momentos mais cativantes do disco.

Bono explora temas de espiritualidade, amor e redenção ao longo do álbum, muitas vezes adotando perspectivas narrativas. “Unknown Caller”, por exemplo, traz um personagem recebendo mensagens enigmáticas, enquanto “Cedars of Lebanon” adota um tom jornalístico, refletindo sobre conflitos e desilusões. No entanto, a tentativa de aprofundamento lírico nem sempre atinge seu objetivo, e algumas faixas parecem menos inspiradas do que os momentos mais icônicos da banda.


Apesar de uma recepção inicial positiva da crítica, No Line on the Horizon não teve o impacto comercial esperado. O single “Get On Your Boots”, por exemplo, tentou emular a energia de “Vertigo”, mas não cativou o público da mesma forma. O álbum vendeu bem nos primeiros meses, mas rapidamente perdeu força, tornando-se um dos lançamentos menos lembrados da discografia do U2. O projeto também deu origem à 360° Tour, uma das turnês mais bem-sucedidas da história, o que ajudou a manter o álbum relevante no contexto da carreira da banda.

No Line on the Horizon representa um momento de transição para o U2, tentando equilibrar ambição artística com acessibilidade comercial. Embora tenha faixas memoráveis e uma produção sofisticada, ele não conseguiu se firmar como um clássico dentro da discografia da banda. Ainda assim, para os fãs, é um trabalho que merece uma reavaliação, especialmente pelo seu caráter mais atmosférico e introspectivo.

Um álbum ambicioso, porém subestimado.


Comentários

  1. Eles erraram feio na escolha da música de trabalho. Acredito que isso contribui para que o álbum não decolasse

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