Lançado em 24 de fevereiro de 1968, Peter Green’s Fleetwood Mac é o álbum de estreia da banda britânica Fleetwood Mac. Diferente do som pop-rock refinado que a banda adotaria nos anos 1970, este disco é um mergulho profundo no blues britânico, marcado pela guitarra expressiva e a abordagem minimalista de Peter Green, que foi a grande força criativa da banda nessa fase inicial.
O álbum é fortemente influenciado pelo blues americano, especialmente pelo estilo de músicos como Elmore James, Howlin’ Wolf e Robert Johnson. Peter Green, ex-integrante do John Mayall & the Bluesbreakers, trouxe uma abordagem emocional e refinada à guitarra, evitando excessos e focando na profundidade das notas e na expressividade. Seu timbre melancólico e técnica econômica fizeram dele um dos guitarristas mais respeitados da época. Ao lado de Green, Jeremy Spencer contribui com sua slide guitar, adicionando uma sonoridade crua e agressiva ao disco. Mick Fleetwood (bateria) e John McVie (baixo), que se tornariam a espinha dorsal da formação clássica da banda nos anos 1970, já demonstravam aqui uma base rítmica sólida e bem encaixada dentro da estética blues.
O disco é composto principalmente por covers de blues tradicionais e algumas composições originais. Algumas faixas que se destacam são "My Heart Beat Like a Hammer", um blues acelerado com um riff contagiante e vocais intensos de Jeremy Spencer; "Merry Go Round", uma das canções mais emocionais do álbum, com a marca registrada de Peter Green: um blues lento e introspectivo; "Shake Your Moneymaker", cover de Elmore James que traz um ritmo dançante e energia vibrante, funcionando quase como um hit do disco; "I Loved Another Woman", uma das primeiras composições originais de Green, já antecipando seu talento para melodias melancólicas e letras sentimentais; e “Looking For Somebody”, um blues cortante que se tornaria uma das canções mais conhecidas dessa fase inicial do Fleetwood Mac.
Na época do lançamento, Peter Green’s Fleetwood Mac foi bem recebido no Reino Unido, alcançando boas vendas e consolidando a banda como uma das promessas do blues britânico. Embora o álbum tenha sido ofuscado por lançamentos contemporâneos como Truth (1968) de Jeff Beck e Blues Breakers with Eric Clapton (1966) de John Mayall, a autenticidade e o talento da banda fizeram com que esse disco permanecesse relevante.
Com o passar dos anos, o Fleetwood Mac evoluiu musicalmente e se afastou do blues, tornando-se um dos maiores nomes do rock com álbuns como Rumours (1977). No entanto, este disco de estreia continua sendo um marco essencial para fãs de blues-rock, além de representar um momento único na trajetória da banda.
Peter Green’s Fleetwood Mac é um trabalho autêntico e cru, capturando a essência do blues britânico dos anos 1960. Embora ainda não tenha a sofisticação melódica e a abordagem comercial que a banda desenvolveria mais tarde, ele é um testemunho do talento de Peter Green e um registro vibrante da época. Para quem deseja explorar as raízes do Fleetwood Mac, este álbum é um ponto de partida essencial.
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