Após o sucesso absoluto de Houses of the Holy (1973), o Led Zeppelin decidiu dar um passo ainda maior na experimentação musical. As gravações de Physical Graffiti ocorreram em 1974 na Headley Grange, uma mansão rural na Inglaterra, onde a banda já havia trabalhado anteriormente e que proporcionava um ambiente descontraído e criativo. Lá, nasceram oito novas faixas, mas, como excediam a duração de um único LP, a banda optou por lançar um álbum duplo. Para completar o repertório, resgataram sete músicas de sessões anteriores, algumas gravadas entre 1970 e 1972, incluindo “Houses of the Holy” (que, curiosamente, não entrou no álbum homônimo), “The Rover” e “Bron-Yr-Aur”.
Um dos grandes trunfos de Physical Graffiti é a diversidade de sua sonoridade. O álbum percorre um território vasto, sem nunca perder a identidade do Led Zeppelin. O hard rock característico da banda brilha em faixas como “Custard Pie” e “The Rover”, ambas impulsionadas pelos riffs poderosos de Jimmy Page e pela voz inconfundível de Robert Plant. O blues aparece de forma intensa e visceral em “In My Time of Dying”, uma faixa épica de 11 minutos, repleta de slides de guitarra e a atmosfera quase ritualística da banda. O groove de “Trampled Under Foot” traz uma pegada funk influenciada por Stevie Wonder, com um riff de teclado hipnótico de John Paul Jones.
A grandiosidade de “Kashmir” talvez seja o momento mais icônico do álbum. Com sua batida marcial, orquestração grandiosa e forte influência da música árabe, a faixa se tornou uma das mais emblemáticas da carreira do Led Zeppelin.
No lado mais acústico e introspectivo, temos “Bron-Yr-Aur”, uma peça instrumental belíssima, gravada na mesma época de Led Zeppelin III e inspirada nos retiros da banda no interior do País de Gales. A segunda metade do álbum continua com essa riqueza musical, trazendo faixas como “Down by the Seaside”, com sua suavidade quase country, e “Ten Years Gone”, uma das músicas mais emocionais da banda, que combina um arranjo sofisticado com uma letra nostálgica sobre um amor perdido.
A arte de Physical Graffiti é um espetáculo à parte. Criada por Peter Corriston, a capa mostra a fachada de um edifício localizado no número 96 da St. Mark’s Place, em Nova York. O design inovador apresentava janelas recortadas, permitindo que as imagens do encarte interno fossem vistas através delas. Isso criava um efeito dinâmico, em que diferentes personagens e cenas apareciam nas janelas, tornando a embalagem do álbum tão icônica quanto sua música. O cuidado com a arte e a complexidade da produção da capa atrasaram o lançamento do álbum, inicialmente previsto para novembro de 1974. No entanto, a espera valeu a pena, pois a embalagem se tornou uma das mais reconhecidas da história do rock.
Physical Graffiti foi recebido com aclamação instantânea tanto pela crítica quanto pelo público. O álbum estreou diretamente no topo das paradas nos Estados Unidos e no Reino Unido, vendendo milhões de cópias logo após o lançamento. Nos EUA, alcançou a marca de 8 milhões de unidades vendidas, sendo certificado com 16 discos de platina. Seu impacto foi tão forte que todos os álbuns anteriores do Led Zeppelin voltaram simultaneamente à lista dos 200 mais vendidos da Billboard, algo raramente visto na indústria fonográfica.
O legado de Physical Graffiti é imensurável. O álbum não só solidificou a posição do Led Zeppelin como a maior banda de rock dos anos 1970, mas também influenciou gerações de músicos. Bandas como Guns N’ Roses, Soundgarden e até artistas contemporâneos do rock alternativo citam esse trabalho como uma de suas maiores inspirações. Seu impacto continua sendo sentido até hoje, seja na grandiosidade de “Kashmir”, na intensidade do blues de “In My Time of Dying” ou na pegada inovadora de “Trampled Under Foot”.
Cinco décadas após seu lançamento, Physical Graffiti permanece intocável em sua grandeza. Sua combinação única de poder, sofisticação e experimentação mantém o álbum relevante e inspirador para novas gerações de ouvintes. O Led Zeppelin conseguiu, com esse disco, criar um universo sonoro rico e expansivo, onde cada faixa é uma peça essencial de um quebra-cabeça magistral.
Se existe um disco que representa a essência do Led Zeppelin em sua forma mais completa e ambiciosa, Physical Graffiti é esse disco. Seja para fãs antigos que já o conhecem de cor ou para novos ouvintes descobrindo sua magia pela primeira vez, Physical Graffiti continua sendo uma jornada inesquecível pelo que há de mais puro e grandioso no rock.
escuto esse disco há exatos 38 anos, desde a primeira vez que o comprei e, influenciado por este video comemorativo, após alguns anos sem ouvi-lo, peguei a maravilhosa remixagem em cd feita por jimmy plagios...ops...Page, pra revisitá-lo no carro e, infelizmente e/ou surpreendentemente, não foi tão prazeroso como em tantas outras vezes anteriores, acho que estou ficando velho e as falcatruas musicais do velho jimmy não estão mais fazendo tanto sentido pra mim como já fizeram, por décadas da minha existência
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