Ready an’ Willing chegou às lojas em 31 de maio de 1980 e é o terceiro álbum do Whitesnake. Um dos discos mais importantes da banda inglesa, este trabalho consolidou a identidade sonora dos primeiros anos do grupo, misturando elementos do hard rock e do blues rock com um groove mais refinado e uma produção mais coesa.
Na época, o Whitesnake já havia conquistado um público fiel, principalmente na Europa, com seu som enraizado no blues e na influência do Deep Purple – algo natural, considerando que a banda contava com ex-integrantes do Purple, como o vocalista David Coverdale e o tecladista Jon Lord, além do baterista Ian Paice, aqui em seu primeiro álbum com a banda.
Com Ready an’ Willing, o Whitesnake atingiu um novo patamar. A entrada de Ian Paice trouxe uma pegada mais dinâmica à bateria, enquanto Jon Lord preencheu as músicas com seu icônico Hammond, adicionando camadas de profundidade ao som. A formação do álbum conta ainda com Micky Moody e Bernie Marsden nas guitarras e Neil Murray no baixo, além da voz aveludada e sensual de David Coverdale no comando.
O álbum tem uma pegada mais polida e sofisticada do que os trabalhos anteriores, mantendo o feeling blueseiro, mas com um direcionamento mais acessível e radiofônico. "Fool for Your Loving" é o grande hit do álbum. Originalmente escrita para B.B. King, a faixa se tornou um dos maiores sucessos do Whitesnake e foi regravada em 1989 para o álbum Slip of the Tongue. A versão de 1980 é mais crua e direta, com um groove contagiante.
A faixa-título tem um riff envolvente e é um excelente exemplo da química entre os guitarristas Micky Moody e Bernie Marsden. "Blindman" é uma nova versão para uma canção presente no primeiro álbum solo de Coverdale (White Snake, de 1977). Aqui, ela ganha uma roupagem mais intensa e emotiva. Já "Sweet Talker" é um rock enérgico com uma pegada direta e um riff marcante. "Ain’t Gonna Cry No More", uma balada que começa suave e vai crescendo, destaca a versatilidade vocal de Coverdale. A dupla "Love Man" e "Black and Blue" são faixas que reforçam o lado bluesy da banda, com grooves contagiantes e muito feeling, com a segunda soando como se o sexteto estivesse tocando em um bar fuleiro de beira de estrada.
Ready an’ Willing foi um grande sucesso no Reino Unido, alcançando a sexta posição nas paradas britânicas e garantindo à banda um novo patamar de popularidade. O disco também abriu as portas para que o Whitesnake começasse a ganhar tração nos EUA, preparando o terreno para os megassucessos que viriam na segunda metade da década de 1980.
Este álbum é um ponto de transição importante para o Whitesnake: ainda mantém a essência blueseira dos primeiros discos, mas já aponta para um som mais grandioso e comercial, algo que a banda exploraria ainda mais nos anos seguintes. Para fãs de rock clássico, Ready an’ Willing é uma obra essencial, mostrando uma banda em plena forma, equilibrando técnica, emoção e identidade própria.
De acordo com o banco de dados do Discogs, o álbum estava fora de catálogo no Brasil há mais de duas décadas. A nova edição, lançada pela Warner/Wikimetal, traz o áudio remasterizado, inclui cinco faixas bônus e apresenta um belíssimo encarte de 20 páginas com as letras das canções e a história do disco.
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