O disco apresenta uma sonoridade intensa e agressiva, marcada pelo uso de blast beats frenéticos, riffs rápidos e uma performance vocal singular de Glen Benton, que alterna entre guturais profundos e gritos estridentes. A produção, assinada por Scott Burns nos lendários estúdios Morrisound (Flórida), captura a crueza e a ferocidade da banda, sem comprometer a clareza dos instrumentos — um equilíbrio raro para a época no death metal.
Os guitarristas Eric e Brian Hoffman entregam uma execução precisa, repleta de harmonias sombrias e solos rápidos, enquanto Steve Asheim impõe um ritmo implacável na bateria, com um uso intenso de pedal duplo e viradas destruidoras. Benton, além de seu vocal marcante, apresenta linhas de baixo pesadas, complementando a brutalidade geral do álbum.
Liricamente, Deicide mergulha no anticristianismo e no satanismo de forma direta e provocativa. Faixas como "Sacrificial Suicide", "Dead by Dawn" e "Lunatic of God's Creation" apresentam letras que rejeitam a religião organizada e exaltam temas sombrios e blasfemos. Glen Benton, conhecido por suas declarações polêmicas e postura anticristã, solidificou sua imagem como uma das figuras mais controversas do metal extremo. As três estão entre os destaques do álbum, além de “Oblivious to Evil”, que apresenta mudanças de andamento e passagens rápidas, destacando o trabalho técnico dos guitarristas.
O álbum de estreia do Deicide se transformou em clássico do death metal e consolidou a cena da Flórida, ao lado de bandas como Morbid Angel, Death e Obituary. Sua abordagem extrema ajudou a moldar o som do gênero nos anos 1990, abrindo caminho para uma geração de músicos influenciados pela velocidade, brutalidade e temática obscura do grupo.
Mesmo 35 anos após seu lançamento, Deicide permanece um dos discos mais influentes e respeitados do estilo, sendo considerado um dos melhores álbuns de estreia do death metal. Sua mistura de técnica, agressividade e letras controversas fez dele uma obra atemporal para fãs de metal extremo.
Segundo os dados do Discogs, o álbum estava fora de catálogo no Brasil desde 1998. Ele acaba de ser relançado pela Warner/Wikimetal em uma edição em CD com som remasterizado, capa com luva protetora e encarte com as letras. A gravadora já havia lançado o segundo e terceiro discos da banda, Legion (1992) e Once Upon a Cross (1995), no mesmo formato.
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