Shake Your Money Maker (1990): a explosão do The Black Crowes e a revitalização do blues rock


Shake Your Money Maker
marcou a estreia explosiva do The Black Crowes e ajudou a revitalizar o blues rock e o rock sulista no início dos anos 1990. O disco trouxe uma sonoridade crua, visceral e cheia de referências aos gigantes do rock clássico, como The Rolling Stones, The Faces, The Allman Brothers Band e Lynyrd Skynyrd, além de uma forte influência do blues e do soul. Com uma pegada que contrastava com o glam metal em ascensão e antecipava uma nova onda de bandas de rock mais orgânico, o álbum se tornou um sucesso comercial e consolidou o The Black Crowes como uma das bandas mais autênticas da sua geração.

Produzido por George Drakoulias, o disco foi gravado com uma abordagem voltada para capturar a energia bruta da banda, sem artifícios excessivos de estúdio. O resultado foi um trabalho intenso e carregado de emoção, destacando os vocais rasgados de Chris Robinson e os riffs marcantes de seu irmão, Rich Robinson, além da sólida base rítmica formada por Johnny Colt (baixo) e Steve Gorman (bateria), complementada pela guitarra de Jeff Cease e pelos teclados vibrantes de Chuck Leavell, lenda do instrumento que toca com os Rolling Stones desde 1982.

"Twice As Hard" já dá o tom do que está por vir: riffs poderosos, uma batida forte e a entrega vocal cheia de alma de Chris Robinson. A faixa reflete bem a essência do álbum, combinando blues e hard rock com um espírito rebelde e visceral. Em seguida, "Jealous Again" traz um groove contagiante, mostrando a influência do rock clássico dos anos 1970. O refrão grudento e o solo de guitarra certeiro fazem dela uma das músicas mais emblemáticas da banda.


Um dos grandes destaques é "Hard to Handle", um cover de Otis Redding que se tornou um dos maiores sucessos da banda. Enquanto a versão original é mais cadenciada e com um toque soul inconfundível, o The Black Crowes adicionou guitarras mais pesadas e um ritmo mais acelerado. A música foi um dos principais impulsionadores do sucesso do álbum, recebendo ampla rotação nas rádios e na MTV.

A balada "She Talks to Angels" se destaca pelo seu lirismo e pela melancolia envolvente. A música, que fala sobre uma mulher lidando com o vício e a solidão, é conduzida por violões e uma performance vocal emotiva de Chris Robinson. A intensidade emocional da canção e sua melodia marcante fizeram dela um dos momentos mais memoráveis do disco e um clássico do rock dos anos 1990.

Outras faixas, como "Struttin' Blues" e "Seeing Things", reforçam a autenticidade do álbum, com fortes influências de blues e soul. "Seeing Things", em particular, apresenta uma interpretação poderosa de Chris Robinson, lembrando performances intensas de artistas como Joe Cocker. Já "Thick N' Thin" e "Stare It Cold" trazem uma energia quase punk, com batidas aceleradas e riffs explosivos, demonstrando a versatilidade da banda dentro do espectro do rock sulista.

Shake Your Money Maker foi um sucesso imediato, vendendo mais de cinco milhões de cópias apenas nos Estados Unidos e alcançando a 4ª posição na Billboard 200. Em um momento em que o grunge estava prestes a dominar o cenário musical, o The Black Crowes conseguiu abrir espaço com um som que remetia ao rock clássico, mas com uma pegada contemporânea. Além de ser um triunfo comercial, o álbum também foi bem recebido pela crítica, que elogiou a autenticidade da banda, a produção direta e a entrega apaixonada de suas músicas. A Rolling Stone classificou o The Black Crowes como uma das revelações do rock da época, destacando a capacidade do grupo de trazer de volta a essência do blues rock com uma energia renovada.

A influência de Shake Your Money Maker se estendeu por toda a década de 1990, inspirando uma nova geração de bandas a explorarem as raízes do rock e do blues. O The Black Crowes, por sua vez, seguiu uma trajetória marcada por altos e baixos, consolidando-se como uma das bandas mais respeitadas do gênero.

Mesmo mais de 30 anos após seu lançamento, Shake Your Money Maker continua sendo um disco essencial para fãs de blues rock, rock sulista e hard rock, provando que a paixão e a autenticidade são elementos atemporais na música.


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