Songs from the Wood (1977): a magia folk progressiva do Jethro Tull


Songs from the Wood
marca uma guinada na sonoridade do Jethro Tull, consolidando sua incursão no folk progressivo e apresentando um dos trabalhos mais sofisticados da banda. Lançado em 11 de fevereiro de 1977, o álbum reflete uma forte influência da cultura e mitologia britânicas, com letras que evocam o misticismo das florestas e tradições rurais, enquanto mantém a complexidade instrumental e os elementos do rock progressivo pelos quais a banda já era conhecida.

Após a fase mais hard rock dos álbuns anteriores, como War Child (1974) e Minstrel in the Gallery (1975), Ian Anderson e sua banda adotam uma abordagem mais pastoral e acústica em Songs from the Wood. O álbum combina harmonias vocais intricadas, flautas marcantes e uma instrumentação rica, incorporando violões, bandolins e sintetizadores sutis, além das tradicionais guitarras e bateria. O resultado é um som orgânico e envolvente, que se encaixa perfeitamente na atmosfera bucólica das letras.

A sonoridade remete ao folk britânico, mas sem abandonar as estruturas progressivas que definem o Jethro Tull. O uso de assinaturas de tempo incomuns, mudanças dinâmicas e passagens instrumentais sofisticadas reforçam o caráter experimental da banda.


"Songs from the Wood", a faixa-título, abre o álbum com uma introdução vocal a capella, logo seguida por uma instrumentação vibrante. A música celebra a vida campestre e define o tom do disco. "Jack-in-the-Green" é uma peça acústica tocada inteiramente por Ian Anderson, apresenta uma melodia cativante e uma letra inspirada no folclore inglês. "Cup of Wonder" destaca-se pelo ritmo dinâmico e pela instrumentação rica, explorando temas de tradição e celebração. "Hunting Girl" traz um riff marcante e uma pegada mais próxima do rock progressivo, contrastando com as faixas mais acústicas do álbum. Em "The Whistler" temos um dos momentos mais memoráveis do disco, com flauta predominante e uma melodia animada, evocando a imagem de um bardo medieval. E "Pibroch (Cap in Hand)", a faixa mais experimental do álbum, combinando guitarras distorcidas e um clima etéreo, mostrando o lado mais ousado do Jethro Tull.

Songs from the Wood foi muito bem recebido pela crítica e pelos fãs, sendo considerado um dos melhores álbuns do Jethro Tull. Ele também marcou o início de uma trilogia folk da banda, que continuaria com Heavy Horses (1978) e Stormwatch (1979). Seu impacto foi significativo na popularização do folk progressivo, influenciando diversas bandas do gênero. Além disso, o álbum exemplifica a habilidade de Ian Anderson como compositor e arranjador, consolidando o Jethro Tull como uma das bandas mais inovadoras do rock progressivo. Até hoje, Songs from the Wood é lembrado como uma obra-prima que equilibra técnica, lirismo e atmosfera de forma magistral.

Mais do que um simples disco de rock progressivo, Songs from the Wood é uma celebração da natureza, da tradição e da musicalidade refinada. Combinando elementos do folk britânico e do rock progressivo de forma única, o álbum permanece como um dos momentos mais inspirados da carreira do Jethro Tull e um clássico atemporal do gênero.


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