The Ultimate Sin (1986): o pecado quase esquecido de Ozzy Osbourne


The Ultimate Sin
é o quarto álbum de Ozzy Osbourne e um dos trabalhos mais peculiares de sua carreira solo. Apesar de ter sido um sucesso comercial, alcançando a 6ª posição na Billboard 200 e recebendo certificação de platina, o disco é frequentemente deixado de lado pelo próprio Ozzy, que o considera um dos seus trabalhos menos inspirados. No entanto, uma análise mais atenta revela que The Ultimate Sin tem seus méritos, especialmente no que diz respeito à sua sonoridade e contexto de produção.

Este álbum marca a única participação do guitarrista Jake E. Lee como compositor principal em um disco completo de Ozzy. Embora Lee já tivesse tocado no disco anterior (Bark at the Moon, de 1983), aqui ele tem mais espaço para explorar seu estilo, trazendo riffs mais melódicos e uma abordagem técnica mais refinada. A produção ficou a cargo de Ron Nevison, conhecido por seu trabalho com bandas como UFO e Heart, e isso se reflete no som mais polido e acessível em comparação com os trabalhos anteriores de Ozzy.

A sonoridade flerta com o glam metal, que dominava as paradas na época. Os riffs são mais comerciais e menos crus do que nos primeiros discos solo de Ozzy, mas ainda assim mantêm a identidade do Madman. Além disso, o baixo de Phil Soussan e a bateria de Randy Castillo garantem uma base sólida e bem marcada.

O disco abre com a faixa-título, "The Ultimate Sin", um hino pesado e cadenciado que define o tom do álbum. Logo em seguida vem "Secret Loser", uma das melhores, trazendo um riff viciante e um refrão pegajoso. A terceira faixa, "Never Know Why", é um exemplo da pegada mais acessível do álbum, com uma estrutura próxima ao hard rock da época. "Thank God for the Bomb" aborda temas políticos e a Guerra Fria, algo relativamente raro na discografia de Ozzy.


Um dos destaques é "Killer of Giants", com uma introdução atmosférica e melancólica que se transforma em um poderoso hino anti-guerra. A música traz uma das performances mais emocionantes de Ozzy, enquanto Jake E. Lee entrega um dos solos mais marcantes do disco. A construção da faixa, com momentos de calmaria seguidos de explosões instrumentais, reforça sua mensagem de tensão e destruição iminente, tornando-a uma das composições mais sofisticadas da discografia do Madman.

A última música e o maior sucesso do álbum, "Shot in the Dark", se tornou um dos clássicos da carreira solo de Ozzy. Com um riff melódico e uma atmosfera quase sombria, a canção se destaca por sua pegada mais radiofônica e cativante.

Apesar do sucesso comercial, The Ultimate Sin não é tão celebrado pelos fãs hardcore de Ozzy quanto discos como Blizzard of Ozz ou Diary of a Madman. Um dos motivos pode ser a produção mais limpa e a tentativa de se encaixar no mercado de glam metal da época, algo que parecer ter afastado alguns fãs de heavy metal tradicional. Outro fator que contribui para a relativa obscuridade do álbum é o fato de Ozzy raramente tocar suas músicas ao vivo e não demonstrar grande apreço por esse trabalho. Além disso, problemas contratuais fizeram com que The Ultimate Sin ficasse fora de catálogo por muitos anos, dificultando sua redescoberta por novas gerações.

Mesmo não sendo um dos discos favoritos de Ozzy Osbourne, The Ultimate Sin tem qualidades que merecem reconhecimento. Ele captura um momento específico da carreira do vocalista, flertando com sonoridades mais acessíveis sem perder a essência do metal. Para quem busca um álbum com produção polida, grandes riffs e um toque da extravagância dos anos 1980, The Ultimate Sin continua sendo uma audição interessante.


Comentários

  1. Amo esse álbum e comprei ele e ouço até hoje, ótimo álbum.

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  2. parafraseando o jornalista carioca fernando calazans sempre que o lembravam que grandíssimos mestres da bola como zico, cruyff ou platini nunca ganharam uma copa do mundo (azar da copa!), se ozzy e sua esposa não gostam e negam esse ótimo disco de legítimo metal americanizado oitentista...azar deles!!!

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