Lançado em 9 de fevereiro de 1993, Wandering Spirit é o terceiro álbum solo de Mick Jagger e é amplamente considerado seu melhor trabalho fora dos Rolling Stones. Produzido por Rick Rubin, o disco traz uma sonoridade crua e enérgica, explorando o rock clássico com influências de blues, soul e até country.
Grande parte dessa identidade sonora vem da banda escolhida por Jagger para a gravação. O principal destaque é o guitarrista Jimmy Rip, que coassina com Mick a faixa-título e a intensa "Put Me in the Trash". Veterano da cena nova-iorquina, Rip trabalhou com lendas como Debbie Harry, Tom Verlaine e Michael Monroe, e sua guitarra é um elemento-chave para a abordagem mais direta e crua do álbum. Além dele, a participação de músicos como o lendário tecladista Billy Preston, o baixista Doug Wimbish (Living Colour), Flea (Red Hot Chili Peppers), o baterista Jim Keltner e o produtor Brendan O’Brien (aqui apenas na guitarra e longe da mesa de produção) reforça a riqueza instrumental do disco.
Na época, Jagger ainda lidava com as repercussões da breve separação dos Rolling Stones no final dos anos 1980. Seu álbum anterior, Primitive Cool (1987), teve recepção morna, enquanto Keith Richards lançou o elogiado Talk is Cheap (1988). Para recuperar sua credibilidade solo, Jagger trouxe Rick Rubin, conhecido por sua produção minimalista e visceral. Juntos, eles buscaram um som mais cru e espontâneo, afastando-se do pop excessivamente polido dos trabalhos anteriores do vocalista dos Stones.
O álbum transita por diversos estilos, refletindo a versatilidade de Jagger. "Wired All Night" abre o disco com energia intensa e riffs marcantes, apresentando um Mick Jagger mais agressivo e direto. "Sweet Thing" traz uma pegada funky sensual, evidenciando sua influência no R&B. "Out of Focus" adota um tom introspectivo, remetendo às baladas mais pessoais dos Rolling Stones. "Don't Tear Me Up", um dos singles do álbum, é uma balada reflexiva com um arranjo sofisticado, destacando a maturidade de Jagger como compositor. "Put Me in the Trash" tem um groove bluesy irresistível, evocando a pegada mais crua dos Stones. "Use Me", cover de Bill Withers, exibe o lado soul de Jagger com maestria e conta com a participação especial de Lenny Kravitz.
Wandering Spirit foi bem recebido pela crítica e pelo público, alcançando a 11ª posição na Billboard 200. Muitos o consideram o melhor álbum solo de Jagger, graças à sua produção enxuta e ao foco na essência do rock. Diferente de seus esforços anteriores, aqui Jagger soa mais confortável e confiante fora da sombra dos Stones.
Embora Mick Jagger tenha seguido com outros lançamentos solo e projetos fora dos Rolling Stones, Wandering Spirit permanece seu álbum mais coeso e bem-sucedido, provando que, mesmo longe da sua icônica banda, Jagger ainda era capaz de criar música autêntica e relevante.
na época não prestei tanta atenção nesse disco, provavelmente ainda de ressaca pelo ótimo steel wheels e na expectativa de um novo disco dos stones, propriamente dito mas, agora, com 32 anos de atraso, em virtude desta resenha, o estou revisitando e curtindo muito, valeu ricardo
ResponderExcluirÉ um grande álbum, Fábio, sempre gostei muito. E passei os últimos dias ouvindo também. Valeu!
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