Counterparts (1993) e a reinvenção do Rush nos anos 1990


Décimo quinto álbum do Rush, Counterparts (1993) marcou um retorno a um som mais pesado e direto. O disco se destacou como um dos trabalhos mais bem-sucedidos da banda nos anos 1990, alcançando o segundo lugar na Billboard 200, a posição mais alta do Rush até então, com vendas superiores a 500 mil cópias nos Estados Unidos.

Após a forte influência de sintetizadores nos álbuns da década de 1980, como Signals (1982) e Power Windows (1985), o Rush começou a voltar às suas raízes no final da década, movimento que se consolidou em Counterparts. Esse disco apresenta um som mais orgânico e denso, com guitarras mais proeminentes e uma produção menos carregada de efeitos eletrônicos. A produção ficou a cargo de Peter Collins, que já havia trabalhado com a banda em Power Windows e Hold Your Fire (1987), mas aqui ajudou a criar um som mais cru e agressivo.

Neil Peart, conhecido por suas letras complexas e filosóficas, explora temas como dualidade, relações humanas e conflitos internos. O próprio título do álbum (Counterparts, que pode significar “contrapartes” ou “opostos complementares”) reflete essa ideia de equilíbrio entre forças contrastantes. Faixas como "Animate" falam sobre masculinidade e autodescoberta, enquanto "Nobody's Hero" aborda temas de perda e heroísmo de forma introspectiva.


"Animate" abre o disco com uma batida marcante e um baixo pulsante de Geddy Lee, com um groove que se mantém ao longo da música. "Stick It Out" é uma das músicas mais pesadas da carreira do Rush, com um riff de guitarra poderoso de Alex Lifeson e um clima quase grunge. "Nobody’s Hero" é um dos momentos mais emocionantes do álbum, abordando temas como a AIDS e a perda de um amigo, com uma instrumentação mais melódica e orquestral. Já "Leave That Thing Alone" é uma canção instrumental dinâmica que mostra a habilidade técnica da banda, com uma linha de baixo cativante e guitarras atmosféricas. E "Cold Fire" explora as complexidades dos relacionamentos, misturando melodias acessíveis com uma pegada mais agressiva.

Counterparts foi bem recebido pela crítica e pelos fãs, sendo considerado um dos álbuns mais fortes da fase mais pesada do Rush. Sua abordagem mais direta também ajudou a banda a se conectar com o público dos anos 1990, época dominada pelo grunge e pelo rock alternativo. O disco provou que o Rush ainda era capaz de se reinventar sem perder sua identidade.

Combinando letras profundas, uma sonoridade mais robusta e momentos de grande musicalidade, Counterparts se mantém como um dos melhores álbuns da excelente discografia do Rush, e um trabalho essencial para entender a evolução da banda ao longo das décadas.

Segundo dados do Discogs, Counterparts estava fora de catálogo no Brasil desde 2009. O disco foi relançado pela Warner/Wikimetal em uma edição em CD slipcase com áudio remasterizado.


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