Global Music Report 2025: conheça o cenário atual da indústria fonográfica


A indústria da música continua a expandir seus horizontes, registrando mais um ano de crescimento significativo. Impulsionado pelo avanço do streaming, pelo fortalecimento de mercados emergentes e pela evolução dos formatos de consumo, o setor se mantém dinâmico e em constante transformação. No entanto, desafios como a manipulação de streaming e o impacto da Inteligência Artificial sobre os direitos autorais exigem atenção redobrada.

O Global Music Report, elaborado anualmente pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), oferece uma análise abrangente dos principais fatores que moldaram a indústria musical em 2024, destacando tendências, oportunidades e desafios para o futuro do setor. Além disso, o texto a seguir incorpora dados do relatório da Pro-Música, que traz um panorama detalhado do mercado brasileiro. Ambos os estudos analisam o desempenho e a evolução do consumo de música ao longo do ano de 2024.

1. Crescimento Contínuo da Indústria Musical

O relatório revela que a indústria da música gravada alcançou seu décimo ano consecutivo de crescimento, registrando um aumento de 4,8% na receita global, que atingiu US$ 29,6 bilhões em 2024. Embora o ritmo de crescimento tenha sido mais moderado em relação a anos anteriores, o setor segue em expansão, impulsionado principalmente pelo streaming.

2. A Força do Streaming

O streaming consolidou sua posição como o principal formato de consumo musical, representando 69% da receita total da indústria. O streaming por assinatura foi o principal motor desse crescimento, com um aumento de 9,5%, enquanto o streaming financiado por anúncios registrou um crescimento mais modesto de 1,2%. Pela primeira vez, a receita total do streaming ultrapassou US$ 20 bilhões, reforçando sua dominância no mercado.

3. Desempenho Regional

Todas as regiões registraram crescimento, mas algumas se destacaram:

  • Oriente Médio e Norte da África: região de crescimento mais rápido (+22,8%).
  • África (+22,6%) e América Latina (+22,5%) também tiveram desempenhos expressivos.
  • América do Norte, maior região em termos de receita, cresceu 2,1%.
  • Europa, segunda maior região, teve um aumento de 8,3%, com destaque para o crescimento do Reino Unido (+4,9%), Alemanha (+4,1%) e França (+7,5%).
  • Ásia apresentou um crescimento mais moderado (+1,3%), impactado pela queda nas vendas físicas no Japão e Coreia do Sul.
  • Brasil: O mercado fonográfico brasileiro faturou R$ 3,4 bilhões em 2024, consolidando-se como o nono maior do mundo. O país registrou um crescimento de 21,7% na receita, impulsionado pelo streaming, que representa 89% do faturamento total do setor.

4. Evolução dos Formatos

Além da predominância do streaming, outros formatos apresentaram tendências distintas:

  • Vinil: crescimento contínuo (+4,6%), marcando seu 18º ano consecutivo de alta.
  • CDs e vídeos musicais: quedas de 6,1% e 15,5%, respectivamente.
  • Download digital: em declínio, representando apenas 2,8% da receita global.
  • Direitos de performance: aumento de 5,9%, atingindo US$ 2,9 bilhões.
  • Sincronização (uso de música em filmes, TV e publicidade): crescimento de 6,4%.

Mercado físico no Brasil

O consumo de música em formatos físicos no Brasil demonstrou um crescimento expressivo. As vendas de formatos físicos totalizaram R$ 21 milhões, um aumento de 31,5%. O grande destaque foi o vinil, que se consolidou como o formato físico mais vendido pelo segundo ano consecutivo, registrando um faturamento de R$ 16 milhões e um crescimento de 45,6% em relação ao ano anterior. Os CDs faturaram R$ 5 milhões, enquanto DVDs e outros formatos tiveram um desempenho mais modesto, com R$ 80 mil e R$ 40 mil em receita, respectivamente.

5. Inteligência Artificial e Música

A Inteligência Artificial (IA) está ganhando um papel cada vez mais relevante na indústria musical. As gravadoras estão explorando maneiras responsáveis de utilizar a IA para aprimorar a criatividade artística e a experiência dos fãs. No entanto, há preocupações sobre o uso não autorizado de obras protegidas por direitos autorais para treinar modelos de IA, o que pode impactar negativamente artistas e o ecossistema musical.

6. Combate à Manipulação de Streaming

A manipulação de streaming, onde artistas ou terceiros geram reproduções falsas para inflar números e receitas, continua sendo um problema significativo. O relatório reforça a necessidade de uma ação coordenada entre gravadoras, plataformas de streaming e governos para mitigar esse problema e garantir um mercado mais justo para os artistas legítimos.

7. O Papel das Gravadoras na Indústria

As gravadoras continuam desempenhando um papel essencial no desenvolvimento de artistas, oferecendo suporte financeiro, inovação tecnológica e estratégias de marketing. Casos de sucesso, como Tyler, The Creator, Myke Towers e Chappell Roan, demonstram como a parceria entre artistas e gravadoras pode viabilizar carreiras sustentáveis e impulsionar o crescimento global.

8. Perspectivas para o Futuro da Indústria Musical

O relatório conclui que, apesar dos desafios, a indústria da música segue em uma trajetória positiva. O crescimento sustentado será impulsionado pelo streaming, pela inovação tecnológica e pelo surgimento de novas oportunidades em mercados emergentes. O equilíbrio entre inovação, proteção dos direitos autorais e investimento no desenvolvimento de novos talentos será essencial para garantir um futuro próspero para o setor.

O relatório da IFPI pode ser baixado neste link. 


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