The Real Thing (1989): o disco que levou o Faith No More ao estrelato


The Real Thing
(1989) é o terceiro álbum do Faith No More e o primeiro a contar com o vocalista Mike Patton. O disco marcou um ponto de virada na carreira da banda, consolidando seu som e levando-a ao estrelato internacional. Após a saída de Chuck Mosley, a entrada de Mike Patton trouxe uma nova energia ao Faith No More. Embora todas as faixas do álbum já estivessem compostas antes de sua chegada, Patton adicionou suas próprias letras e um estilo vocal dinâmico, que variava entre rap, canto melódico e berros intensos. Essa versatilidade vocal tornou-se uma das marcas registradas do grupo.

The Real Thing é um álbum difícil de categorizar dentro de um único gênero. Ele combina elementos de metal, funk, rap, progressivo e rock alternativo, criando um som único que influenciaria muitas bandas nos anos seguintes. O baixo marcante de Billy Gould e os teclados atmosféricos de Roddy Bottum adicionam profundidade às faixas, enquanto a guitarra pesada de Jim Martin mantém o peso característico da banda.

"From Out of Nowhere", a faixa de abertura, é vibrante e energética, introduzindo o ouvinte ao novo som do Faith No More. "Epic", maior sucesso do álbum e uma das canções mais icônicas do rock dos anos 1990, traz uma fusão de rap e metal, junto com o inesquecível solo de teclado no final. "Falling to Pieces" é uma música melódica e radiofônica, que mostra o lado mais acessível do álbum. Em "Surprise! You're Dead!" ouvimos uma explosão de thrash metal puro, com guitarras rápidas e agressivas. "The Real Thing", a faixa-título, é progressiva e experimental, com mudanças de ritmo e um dos vocais mais expressivos de Patton. Já "Zombie Eaters" é uma balada enganosa que começa suave e introspectiva, mas se transforma em uma pancada cheia de peso e emoção.

O disco se encerra com "Edge of the World", uma composição que destoa do restante do álbum ao trazer um clima jazzístico, com uma pegada suave e melancólica. A música é conduzida por um piano envolvente e um baixo discreto, enquanto Mike Patton canta com um tom sarcástico e quase sedutor. A atmosfera lounge e descontraída contrasta com o peso das faixas anteriores, mostrando a versatilidade da banda e fechando o álbum de forma inesperada e cativante.


Além das canções originais, The Real Thing traz um cover de "War Pigs", clássico do Black Sabbath. A interpretação do Faith No More mantém a essência sombria e pesada da música original, mas adiciona um toque próprio, com a voz teatral e versátil de Patton dando uma nova dimensão à canção. A execução instrumental é fiel ao espírito da versão do Sabbath, com Jim Martin entregando riffs poderosos e a banda mantendo a intensidade ao longo dos quase oito minutos de duração. Uma curiosidade é que tanto “War Pigs” quanto “Edge of the World” não fazem parte do tracklist das edições em vinil e foram incluídas apenas nas edições em CD.

O álbum foi um grande sucesso comercial, impulsionado pelo videoclipe de "Epic", que rodava constantemente na MTV. The Real Thing ajudou a abrir caminho para o surgimento do nu metal nos anos 1990, influenciando bandas como Korn, Limp Bizkit e System of a Down. Além disso, provou que era possível misturar gêneros sem perder identidade, algo que poucas bandas conseguiram fazer com tanta maestria.

Embora o Faith No More tenha se reinventado com cada lançamento posterior, The Real Thing permanece um dos discos mais importantes da banda e um clássico atemporal do rock alternativo e do metal experimental.

O álbum estava fora de catálogo há anos no Brasil e foi relançado pela Warner/Wikimetal em uma edição em CD slipcase (luva protetora) e encarte com todas as letras.

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