Headless Cross (1989): a joia oculta do Black Sabbath


Headless Cross
 (1989) é o 14º álbum do Black Sabbath e marca uma das fases mais subestimadas da banda. Com Tony Martin nos vocais, Cozy Powell na bateria e, claro, Tony Iommi na guitarra, o álbum representa uma reinvenção do grupo no final dos anos 1980, apostando em uma sonoridade mais épica e acessível, sem perder o peso característico do Sabbath.

A década de 1980 foi turbulenta para o Black Sabbath, com mudanças constantes de formação e uma tentativa de se adaptar às tendências da época. Após a saída de Ronnie James Dio em 1982 e uma série de experimentos com vocalistas como Ian Gillan (Born Again, 1983), Glenn Hughes (Seventh Star, 1986) e Ray Gillen, Tony Iommi finalmente encontrou estabilidade com Tony Martin. Headless Cross é o segundo álbum da Era Martin, consolidando a identidade do grupo naquele momento.

Com Cozy Powell (ex-Rainbow, Whitesnake) nas baquetas e Laurence Cottle (substituído por Neil Murray na turnê), a banda entregou um álbum sólido, que bebe na fonte do metal com mais melodia e do hard rock, mas sem abrir mão do clima sombrio que sempre caracterizou o Sabbath. Desde a abertura com a faixa-título, fica claro que o álbum traz uma abordagem mais grandiosa. A introdução climática leva ao riff poderoso de Iommi, enquanto Tony Martin entrega uma performance vocal dramática, que combina perfeitamente com a atmosfera sombria da letra. "Headless Cross" se revela um hino sombrio e atmosférico, com um refrão memorável e uma estrutura épica. "Devil & Daughter" é mais rápida e energética, e traz um riff cortante de Iommi e um refrão viciante. "When Death Calls" é um dos momentos mais pesados do álbum, com uma participação marcante de Brian May, amigo de longa data de Tony Iommi, no solo de guitarra. E "Nightwing" fecha o álbum de forma magistral, com uma pegada mais melancólica e um desenvolvimento emocionante.


Embora tenha sido bem recebido pelos fãs e pela crítica especializada, Headless Cross não obteve o mesmo impacto comercial dos álbuns clássicos do Sabbath. Parte disso se deve à falta de suporte da gravadora e ao fato de que o metal tradicional enfrentava forte concorrência de novas tendências como o thrash metal, que ganhava espaço no final da década de 1980. Mesmo assim, Headless Cross é amplamente considerado um dos melhores álbuns da fase Tony Martin, e muitos fãs o colocam entre os grandes trabalhos do Black Sabbath pós-Ozzy. O próprio Tony Iommi já declarou em entrevistas que tem grande apreço por esse álbum e que gostaria de revisitá-lo no futuro. O recentemente relançamento do disco com o áudio remasterizado comprova as inegáveis qualidades do trabalho.

Headless Cross pode não ter o status lendário de álbuns como Paranoid (1970) ou Heaven and Hell (1980), mas é uma joia oculta na discografia do Black Sabbath. Com uma sonoridade sombria, letras carregadas de simbolismo e performances impecáveis, mostra que, mesmo em uma fase instável, a banda ainda era capaz de entregar músicas de altíssimo nível.

Se você ainda não deu a devida atenção a Headless Cross, vale a pena revisitar essa obra que combina o peso do Black Sabbath com um toque épico e melódico único.

Comentários

  1. grande disco, melódico, sombrio, variado, bem produzido com ótima sonoridade e com ótimas performances dos músicos, tudo na medida certa, melhor da fase Martin em minha visão

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