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Kill 'Em All (1983) e como o Metallica mudou o metal para sempre


Em 1983, o Metallica lançou Kill 'Em All e mudou o rumo da música pesada para sempre. Considerado por muitos como o marco zero do thrash metal, o disco nasceu da fusão entre a agressividade do punk, a complexidade do heavy metal britânico e a urgência juvenil de quatro garotos determinados a fazer barulho — muito barulho.

O cenário era o underground da costa oeste dos Estados Unidos, onde bandas como Exodus, Slayer e Metallica começavam a moldar um novo som: mais rápido, mais pesado, mais agressivo. Kill 'Em All foi o primeiro registro oficial dessa revolução. Suas composições trouxeram uma estrutura inovadora: riffs cortantes com pegada hardcore, passagens instrumentais que lembravam o virtuosismo do metal clássico e mudanças de andamento que mantinham o ouvinte em constante tensão. Músicas como “Hit the Lights”, “Whiplash” e “Metal Militia” são explosões de energia crua, enquanto “The Four Horsemen” e “Seek & Destroy” apresentam uma sofisticação que apontava o caminho para o futuro da banda.


Embora Dave Mustaine tenha sido expulso do Metallica pouco antes das gravações, sua influência em Kill 'Em All é inegável. Riffs, ideias e estruturas concebidas por ele sobreviveram à sua saída e estão presentes em faixas como “The Four Horsemen” (originalmente “The Mechanix”, que ganhou sua própria versão no álbum de estreia do Megadeth), “Jump in the Fire” e “Phantom Lord”. No entanto, é essencial reconhecer o talento de James Hetfield e Lars Ulrich, que souberam canalizar essa herança, soma-la às suas próprias influências e inspirações, e lapidá-la com sua visão artística. A dupla se consolidou como força criativa dominante da banda, arquitetando uma sonoridade que seria imitada, reverenciada e refinada por gerações futuras.

O disco, que originalmente se chamaria Metal Up Your Ass, teve sua capa alterada em cima da hora por pressão da gravadora. A arte com uma mão ensanguentada e um martelo ao lado — referência direta ao título definitivo, Kill 'Em All — acabou se tornando tão icônica quanto a sonoridade do álbum.

O legado de Kill 'Em All é imenso. Ele não apenas inaugurou o thrash metal, mas também revelou um grupo que, mesmo em sua estreia, já demonstrava ambição artística e musical. O disco permanece como símbolo de juventude rebelde e criatividade desenfreada, e seu impacto ecoa até hoje em todas as vertentes do metal extremo.

Comentários

  1. Álbum visceral, agressivo e maldoso. mesmo após anos ouvindo ainda me surpreendo com esse disco.

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  2. Ricardo, antes de tudo: sou um imenso apreciador do seu trabalho tanto aqui, como na canal da Collectors. Parabéns! Mas tb deixo claro que em meio a esse apreço há discordâncias, e o Metallica é uma delas. Ouço desde os primórdios, reconheço a importância, mas sempre tive um sentimento de que há uma "ultra super valorização" da banda, prinicipalmente quando se trata do Kill Em All e a conotação de precursor do Thrash Metal que imputam a eles. Alguns anos atras escrevi um texto no meu blog com o seguinte título "E se Tivesse Sido Diferente?", onde coloco em debate se o Exodus tivesse lançado seu "Bonded by Blood" antes da estreia do Metallica. Sempre me perguntei se tudo seria não seria diferente... Vou deixar o link da postagem aqui e teria o maior prazer em ter seu comentário. Afinal de contas, é um outro ponto de vista para a história desse estilo que tanto amamos. Um abraço!
    Em tempo: o nome do meu Blog é MetalogeR (https://metaloger.blogspot.com/)
    Postagem: https://metaloger.blogspot.com/2019/01/e-se-tivesse-sido-diferente.html

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