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Ramones em It's Alive (1979): o maior álbum ao vivo do punk rock


O melhor álbum ao vivo do punk? Muitos fãs e críticos diriam que sim — e não estão exagerando. It's Alive, lançado pelos Ramones em abril de 1979, é uma aula de energia crua, velocidade absurda e atitude destilada no seu estado mais puro. Gravado em 31 de dezembro de 1977 no Rainbow Theatre, em Londres, o disco captura a banda no auge dos primeiros anos, sintetizando como poucos registros o espírito do punk em sua forma mais explosiva.

It's Alive compila nada menos que 28 faixas executadas em sequência vertiginosa, sem respiro e com uma urgência quase sobre-humana. Era o fim de um dos anos mais importantes para a história do punk, e os Ramones consolidavam-se como os padrinhos do movimento. Joey, Johnny, Dee Dee e Tommy (em sua última turnê com o grupo) tocavam como se estivessem numa missão: provar que o rock não precisava de solos, de pompa ou de virtuosismo. Bastava energia, honestidade e volume no talo.

As influências do grupo — do rock dos anos 1950 à invasão britânica, passando pelos girl groups e pelos filmes de horror B — estão todas presentes em versões ultracondensadas de clássicos como “Blitzkrieg Bop”, “Sheena Is a Punk Rocker”, “Rockaway Beach” e “Teenage Lobotomy”. Mas o grande destaque de It's Alive não são só as músicas — é a performance. A produção é seca, sem overdubs, sem embelezamentos. O que se ouve ali é exatamente o que aconteceu naquela noite de Réveillon em Londres: um estrondoso trovão punk que reverbera até hoje.


Comparado a Loco Live, lançado em 1991 com a formação dos anos 1990 (com C.J. Ramone no baixo e Marky na bateria), It's Alive soa mais visceral e urgente. Enquanto Loco Live traz uma gravação mais polida, com som mais cheio e um repertório que cobre toda a carreira da banda até então, It's Alive é um retrato fiel da primeira fase dos Ramones, cravando o punk em pedra bruta. Loco Live tem enorme valor histórico, mas falta-lhe a faísca quase sobrenatural que emana do disco de 1979.

O legado de It's Alive é imenso. Influenciou não só outras bandas punk, mas também a forma como os álbuns ao vivo deveriam soar: crus, intensos, sem firulas. Em tempos de discos ao vivo maquiados em estúdio, os Ramones provaram que o suor e o barulho bastavam. E talvez por isso, até hoje, It's Alive continue sendo apontado como um dos melhores — senão o melhor — registro ao vivo da história do punk rock. Uma explosão sonora que segue viva.

De acordo com o Discogs, a única edição em CD de It’s Alive lançada no Brasil saiu em 1996, quase trinta anos atrás. A Wikimetal trouxe de volta este clássico em uma nova versão em slipcase e encarte com 8 páginas com fotos daquele final de ano inesquecível. Um clássico que precisa estar na sua coleção.

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