Você sabia que o Scorpions começou como uma banda de rock psicodélico? Pois é. Antes de se tornarem sinônimo de hard rock melódico, baladas explosivas e arenas lotadas, os alemães do Scorpions debutaram com Lonesome Crow (1972), um álbum que pouco tem a ver com os grandes sucessos que viriam depois. O disco marca o início da trajetória de uma das maiores bandas de todos os tempos, e oferece uma viagem sonora que vale ser revisitada por quem quer entender as origens desse fenômeno do rock.
Gravado em apenas seis dias, Lonesome Crow foi lançado quando o Scorpions ainda era uma jovem banda de Hannover, liderada pelos irmãos Rudolf e Michael Schenker. À época com apenas 16 anos, Michael já dava sinais de genialidade na guitarra solo, enquanto Klaus Meine começava a moldar a voz que anos depois ecoaria nos maiores palcos do planeta.
Musicalmente, o disco carrega forte influência do rock psicodélico do final dos anos 1960, com toques de progressivo e blues. A inspiração em bandas como Pink Floyd, Cream e até Black Sabbath é perceptível, especialmente nas longas passagens instrumentais, na atmosfera densa e nas mudanças abruptas de andamento. O álbum foi produzido por Conny Plank — uma figura-chave da cena krautrock — o que ajuda a explicar a estética mais livre, experimental e até sombria que permeia as faixas.
Entre os destaques, “I’m Going Mad” abre o disco com um groove hipnótico, enquanto “In Search of the Peace of Mind”, a primeira música composta pelos irmãos Schenker, já revela a sensibilidade melódica que mais tarde se tornaria uma marca registrada da banda. Mas é na faixa-título, com seus mais de 13 minutos, que o Scorpions mergulha fundo no clima psicodélico-progressivo, alternando momentos introspectivos com explosões instrumentais.
Apesar de não ter feito muito barulho na época, Lonesome Crow é uma peça fundamental para entender a evolução do Scorpions. Logo após o lançamento, Michael Schenker foi convidado a se juntar ao UFO, e a banda passaria por mudanças importantes que a levariam a adotar um som mais direto, pesado e acessível, rumo ao hard rock que dominaria o mundo nas décadas seguintes.
Hoje, Lonesome Crow é visto com curiosidade e respeito. Não é o disco que define o Scorpions, mas é o ponto de partida de uma jornada que atravessaria mais de cinco décadas, com milhões de álbuns vendidos e uma marca indelével na história do rock. Um começo tímido, mas cheio de personalidade — e que já apontava o talento que estava por vir.
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