O Deicide chegou aos anos 1990 como uma das bandas mais polêmicas e brutais do death metal. Depois da estreia homônima em 1990 e dos excelentes Legion (1992) e Once Upon the Cross (1995), o grupo já era um nome consolidado dentro da cena extrema, tanto pela sonoridade violenta quanto pela postura antirreligiosa de Glen Benton, vocalista e baixista. Serpents of the Light, lançado em 1997, mantém essa identidade, mas também marca um momento de certa repetição dentro da fórmula que a banda havia ajudado a definir.
O disco traz dez faixas diretas, sem firulas e sem espaço para respiro. O death metal aqui é simples, veloz e repleto de riffs que seguem a cartilha mais tradicional do estilo. Eric e Brian Hoffman assinam guitarras cortantes, recheadas de palhetadas rápidas e solos caóticos, enquanto Steve Asheim segura a bronca na bateria com blast beats e grooves que sustentam a fúria vocal de Benton. A produção é crua, típica da época, dando ao álbum uma atmosfera seca que amplifica a agressividade.
Entre os destaques, a faixa-título abre o trabalho com força e é uma das músicas mais lembradas da discografia do Deicide. “Slave to the Cross” e “Blame It on God” mantêm o ímpeto blasfemo e mostram a banda em plena forma. Já “I Am No One” e “This Is Hell We’re In” trazem variações interessantes dentro da estrutura direta do disco, mostrando que, mesmo repetindo fórmulas, o grupo ainda encontrava maneiras de soar convincente.
Para os fãs da primeira hora, o álbum soa como mais um capítulo sólido, mas não inovador, da trajetória do Deicide. Não tem o mesmo peso histórico dos três primeiros registros, mas ajudou a firmar a banda como presença constante no cenário death metal dos anos 1990. Ao contrário de contemporâneos como Morbid Angel, que arriscavam caminhos mais experimentais, o Deicide optou por não se desviar do núcleo de sua proposta: rapidez, brutalidade e ódio direcionado ao cristianismo.
Serpents of the Light não é o álbum mais celebrado da carreira do Deicide, mas é um retrato honesto de uma banda fiel às suas convicções, entregando death metal cru e direto em um momento em que muitos grupos do gênero buscavam alternativas. Para quem gosta da sonoridade clássica e intransigente, é um trabalho que continua cumprindo bem o seu papel quase três décadas depois.
O álbum acabou de ser relançado no Brasil pela Wikimetal em CD com embalagem slipcase e encarte de 8 páginas com as letras.
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