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Entre riffs e baladas: como Pump (1989) consolidou o renascimento do Aerosmith


Nos anos 1980, poucas bandas viveram uma volta por cima tão impressionante quanto o Aerosmith. Após quase implodir no fim da década de 1970, com Steven Tyler e Joe Perry mergulhados em vícios e brigas internas, o grupo encontrou um segundo fôlego ao assinar com a Geffen Records e Done With the Mirrors (1985) e Permanent Vacation (1987). Este último recolocou os “Toxic Twins” no mapa, graças a sucessos radiofônicos como “Dude (Looks Like a Lady)” e “Angel”. Mas foi apenas dois anos depois, em setembro de 1989, com Pump, que o Aerosmith provou que não estava apenas de volta — estava no auge.

Produzido por Bruce Fairbairn, com arranjos polidos mas ainda carregando uma certa sujeira de garagem, Pump trouxe um Aerosmith mais maduro, consciente do próprio legado e adaptado à estética da MTV. O disco equilibra riffs pesados, grooves de hard rock clássico e baladas que dominariam o rádio. É também o trabalho onde a parceria entre a banda e os compositores externos Desmond Child e Jim Vallance atingiu seu ponto mais certeiro, sem soar artificial.

As faixas falam por si. “Love in an Elevator” apresentou uma energia irresistível, mistura de riffs colantes e refrão de arena. “Janie’s Got a Gun”, provavelmente a canção mais ousada do álbum, trouxe uma temática séria sobre abuso sexual, embalando uma das melhores linhas melódicas que a banda já escreveu. “What It Takes” é a power ballad definitiva do Aerosmith, emocional sem cair no piegas. E ainda há “The Other Side”, “F.I.N.E.” e “Monkey on My Back”, todas carregadas de grooves que demonstram como Brad Whitford e Joe Perry encontraram a fórmula perfeita entre peso e acessibilidade.


Pump
alcançou o topo das paradas, vendeu mais de 7 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos e rendeu ao Aerosmith o primeiro Grammy da carreira com “Janie’s Got a Gun”. Mais do que isso, consolidou a banda como uma das grandes forças do hard rock no fim dos anos 1980 e início dos 1990, antes da virada grunge. Foi um triunfo artístico e comercial, capaz de atrair uma nova geração de fãs sem alienar os antigos.

O álbum pavimentou a estrada para a década seguinte, em que o Aerosmith se transformaria em uma máquina de hits globais com a dobradinha Get a Grip (1993) e Nine Lives (1997). Por outro, o disco capturou o equilíbrio perfeito entre a irreverência setentista do grupo e a modernidade exigida pela indústria no final dos anos 1980. 

Pump ainda soa como um retrato cristalino de uma banda veterana que se recusou a ser apenas uma nota de rodapé na história do rock — e acabou escrevendo um de seus capítulos mais importantes.

Comentários

  1. O último realmente ótimo disco de Steven Tyler e seus amigos... Depois de Pump, eles nunca mais fizeram outros igualmente ótimos discos que agradassem a seus admiradores (não digo fãs) do início ao fim. Poderiam muito bem ter acabado após desse álbum, com a consciência 100% limpa!

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  2. Pump é de longe o melhor disco do Aerosmith...Comparado a ele, mesmo os clássicos dos anos 1970 da banda comem poeira.

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