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Repentless (2015): a brutal despedida do Slayer


O Slayer sempre foi uma daquelas bandas que não negociam sua identidade. Ao longo de mais de três décadas, a fórmula criada em álbuns como Reign in Blood (1986) e South of Heaven (1988) moldou o thrash metal e influenciou gerações inteiras. Quando Repentless saiu em setembro de 2015, o contexto era pesado: Jeff Hanneman havia falecido dois anos antes, Dave Lombardo estava fora novamente, e muitos viam no disco a prova final de que o Slayer ainda tinha algo a dizer.

Produzido por Terry Date (conhecido por trabalhos com Pantera e Soundgarden), Repentless é o único álbum da banda sem Hanneman e o primeiro com Gary Holt (Exodus) gravando as guitarras. Também marca o retorno do baterista Paul Bostaph em estúdio desde God Hates Us All (2001). O título já entrega a postura: sem arrependimentos, sem concessões, fiel ao espírito brutal que sempre definiu o grupo.

Musicalmente, o Slayer olha para trás. Riffs diretos, agressividade crua, poucas experimentações. A faixa-título abre como um soco no estômago, uma das melhores composições escritas por Kerry King desde os anos 1990. “Take Control” e “Implode” reforçam esse lado mais veloz, enquanto “When the Stillness Comes” desacelera e cria uma atmosfera sombria que remete ao Slayer mais climático de Seasons in the Abyss (1990). “Pride in Prejudice”, que encerra o álbum, tem peso e densidade suficientes para fechar com dignidade a discografia da banda.


É claro que muitos fãs sentiram a ausência de Hanneman – e ela é real. Sua criatividade melódica e senso de composição equilibravam o ataque direto de King. Ainda assim, Gary Holt assume a função com respeito, sem tentar soar como Hanneman, mas trazendo um DNA thrash clássico que se encaixa bem.

O impacto de Repentless foi imediato: estreou no top 5 da Billboard, ganhou turnês mundiais massivas e consolidou a despedida do Slayer em grande escala. Ao vivo, as faixas novas funcionavam como combustível extra, mantendo o público em chamas. Com o tempo, o disco ganhou contornos de documento histórico: o último capítulo de uma das bandas mais importantes da história do metal.

Repentless não é um clássico absoluto, mas é um álbum honesto, feito com sangue nos olhos e a convicção de que o Slayer só poderia terminar sendo o Slayer. Sem arrependimentos, sem concessões. Uma despedida brutal e digna de uma lenda.

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