Quando Rebel Music chegou às lojas em 1986, Bob Marley já havia deixado este mundo há cinco anos. Sua morte em 1981 não interrompeu o fluxo constante de lançamentos póstumos — coletâneas, gravações ao vivo e registros raros que mantinham viva a presença do maior ícone do reggae. Essa compilação, lançada pela Island Records, teve uma proposta diferente das coletâneas tradicionais: não era apenas um “grestest hits”, mas um recorte temático, centrado na vertente mais militante e política da obra de Marley.
O título não é gratuito. Rebel Music reúne faixas que expressam a alma contestadora do artista, sua espiritualidade rastafári e sua visão crítica sobre o mundo. Em vez de apostar nos hits mais óbvios, a seleção privilegia o lado combativo de Marley — canções que falam de resistência, consciência e transformação social. Entre elas estão “Get Up, Stand Up”, “So Much Trouble in the World”, “Them Belly Full (But We Hungry)” e a faixa que dá nome ao disco, “Rebel Music (3 O’Clock Roadblock)”. São músicas que, mais do que mensagens de protesto, são convocações à ação, traduzindo o espírito de uma Jamaica marcada pela desigualdade e pela luta por identidade.
Musicalmente, o álbum atravessa fases distintas da carreira de Bob Marley & The Wailers, indo do som mais cru e roots dos primeiros anos à produção mais sofisticada da era Island. Há faixas extraídas de clássicos como Natty Dread (1974), Rastaman Vibration (1976) e Survival (1979), o que reforça a consistência da mensagem ao longo do tempo: Marley sempre foi um artista de propósito, e seu discurso nunca se diluiu. A inclusão de “Roots”, lado B raro na época, foi um presente para os fãs e um dos elementos que tornaram a coletânea especial.
Rebel Music também cumpre um papel importante na perpetuação da imagem de Marley como mais do que um cantor de reggae — como um líder cultural e espiritual. Ao longo da década de 1980, enquanto o reggae ganhava força mundialmente e era apropriado por diferentes cenas, este disco lembrava a essência revolucionária do gênero. Era um lembrete de que o reggae nasceu da dor, da fé e da resistência de um povo.
Com o passar dos anos, Rebel Music acabou se tornando uma das coletâneas mais respeitadas do catálogo de Bob Marley, especialmente entre os fãs que buscam entender o lado mais político e engajado do artista. É um retrato direto do homem que acreditava que a música podia, de fato, mudar o mundo — e, de certa forma, mudou.
Ouvir Rebel Music hoje é revisitar o poder transformador da arte. É um lembrete de que rebeldia e espiritualidade podem coexistir em perfeita harmonia, e que a voz de Bob Marley continua ecoando como um chamado à consciência — talvez mais necessário agora do que nunca.
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Como colecionador (em construção) de vinis, fã de reggae e, lógico, de Robert Nesta Marley, essa coletânea não poderia faltar na minha humilde coleção.
ResponderExcluirJah Rastafari!