No Rest for the Wicked (1988) marcou uma virada decisiva na carreira de Ozzy Osbourne. Depois de anos turbulentos, que incluíram a perda repentina de Randy Rhoads, o sucesso de The Ultimate Sin (1986) e o desgaste com Jake E. Lee, Ozzy se reinventou ao trazer para sua banda um jovem guitarrista de 21 anos chamado Zakk Wylde. Com seu visual de lenhador, toque agressivo e senso melódico apurado, Zakk inaugurou uma nova fase na sonoridade do Madman — mais densa, mais crua e com uma pegada mais próxima do heavy metal contemporâneo.
Produzido por Keith Olsen e Roy Thomas Baker, o álbum apresenta uma sonoridade mais pesada e orgânica do que o anterior. Se The Ultimate Sin soava polido e tipicamente oitentista, No Rest for the Wicked resgatou o peso sombrio e visceral que sempre acompanhou Ozzy desde o Black Sabbath. O álbum foi gravado em um momento em que o hard rock dominava as rádios, mas Ozzy foi na contramão: entregou um disco mais denso e menos radiofônico, apostando em temas sombrios, crítica social e um senso de ironia característico.
As faixas iniciais já mostram a nova energia. “Miracle Man” é um soco na cara, tanto musicalmente quanto liricamente — uma resposta ácida às críticas de televangelistas como Jimmy Swaggart, que haviam atacado Ozzy em público. A música é conduzida por riffs cortantes de Wylde e pela interpretação furiosa de Ozzy. Em seguida, “Devil’s Daughter” e “Crazy Babies” consolidam o novo som: pesadão, carregado de groove e com refrões diretos, feitos sob medida para o palco.
Mas o ponto alto do disco está nas composições mais atmosféricas. “Breakin’ All the Rules” traz uma levada quase sabbathiana, enquanto “Bloodbath in Paradise” é uma das canções mais subestimadas da carreira de Ozzy — um retrato violento e teatral, influenciado por filmes de terror e notícias da época. E “Fire in the Sky”, com seu clima sombrio e solos intensos, é uma das melhores performances vocais do vocalista.
Além de Zakk Wylde, o line-up contava com Bob Daisley no baixo, Randy Castillo na bateria e John Sinclair nos teclados, uma formação sólida e afiada. O resultado foi um álbum que pavimentou o som que Ozzy exploraria nos anos seguintes, com discos como No More Tears (1991) e Ozzmosis (1995).
O álbum vendeu mais de dois milhões de cópias apenas nos Estados Unidos e reafirmou Ozzy como um dos grandes nomes do heavy metal, mesmo em uma década dominada por bandas mais jovens. Mais do que isso, o disco apresentou Zakk Wylde ao mundo, iniciando uma parceria que se tornaria uma das mais icônicas do gênero.
No Rest for the Wicked permanece como um dos capítulos mais consistentes da carreira solo de Ozzy Osbourne. É o registro de um artista que, mesmo cercado pelo caos, ainda sabia como transformar desespero, raiva e ironia em pura eletricidade sonora — sem descanso, e definitivamente sem redenção.
esse é o disco do mestre que menos curto, dentre os lançados especificamente no século XX, apesar de concordar com grande parte da resenha supra, e das características citadas, o acho surpreendentemente muito mal gravado e mal produzido, principalmente pelos grandes nomes envolvidos nessas áreas que trabalharam no disco, isso desde o lançamento, quando comprei o vinil e pus pra tocar foi um balde de agua fria, som embolado, "estourado", prejudicando bastante a audição, como se estivesse "à frente de seu tempo" adiantando as batalhas de "walls of sound" em quase uma década e, falando especificamente das canções, bom, Ozzy do século XX não decepcionava e zakk, apesar de ainda um pouco "verde" e derivativo, já deixava transparecer algumas das credenciais de talento que viriam a desabrochar completamente no soberbo "no more tears", três anos mais tarde, só senti falta na resenha da minha preferida, "demon alcohol", pesada, contagiante e com letra extremamente confessional do mestre
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