Soilwork - The Panic Broadcast (2010)


Por Ricardo Seelig
Publicitário e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ****1/2

No heavy metal contemporâneo, pouquíssimas bandas lançaram discos tão interessantes quanto os suecos do Soilwork. Originalmente jogado no balaio de gatos da explosão desencadeada pelo death metal melódico na segunda metade da década de noventa, o grupo soube levar sua música além dos limites do estilo, inserindo novos elementos e construindo uma sonoridade original e repleta de personalidade.

Porém, a saída do guitarrista Peter Wichers em 2005 desencadeou um processo que culminou com o lançamento de discos que, apesar de terem alguns bons momentos, mostravam uma banda estagnada e perdendo a sua identidade. Toda essa impressão negativa vai embora com a audição de The Panic Broadcast.

Oitavo trabalho do Soilwork, o álbum mostra uma banda revigorada e com sangue nos olhos. Muito disso se deve à nova dupla de guitarristas, formada pelo velho companheiro Peter Wichers – hoje um dos mais renomados produtores metálicos do mundo, e que retornou ao grupo em 2008 – e pelo novato Sylvain Coudret, vindo da banda francesa Scarve. Completam o time o fenomenal vocalista Björn Strid, o tecladista Sven Karlsson, o baixista Ola Flink e o baterista Dirk Verbeuren.

O álbum abre com a ótima “Late for the Kill, Early for the Slaughter”, uma faixa extremamente agressiva e com ótimo refrão, que conta com uma performance absolutamente estupenda de Verbeuren. O nível segue lá em cima com “Two Lives Worth of Reckoning”, com grandes melodias e um refrão sensacional cantado de forma limpa por Strid, além de excelentes riffs e solos da dupla Wichers e Coudret. O bombardeio continua avassalador com “The Thrill”, uma ótima composição com andamento mais cadenciado, linhas vocais repletas de melodia e um refrão iluminado.

Com apenas três músicas já fica claro que estamos diante de um disco especial, e essa sensação se mantém até o final da audição. Ótimos solos de guitarra tomam conta da agressiva “Deliverance is Mine”, enquanto a excelente “Night Comes Clean” ostenta um ar moderno e revigorante.

As melodias, característica onipresente nas composições do grupo, dividem espaço com a agressividade em “King of the Threshold”, onde a banda desce a mão sem dó. Novamente o trabalho de guitarras se sobressai, com solos inspirados e inclusive um breve trecho onde Peter Wichers e Sylvain Coudret brincam com guitarras gêmeas.

Lançada como single, “Let This River Flow” tem um início acústico que é interrompido por uma avalanche de peso e melodia, enquanto “Epitome” destoa por ser bem diferente do restante do tracklist – a passagem de teclado maluca no meio desta faixa, onde o instrumento vai de encontro as guitarras, é sensacional!

“The Akuma Afterglow” é provavelmente a faixa de mais fácil assimilação do play, perfeita para você apresentar o Soilwork para aquele seu amigo que escuta metal apenas ocasionalmente e nunca ouviu a banda. Já “Enter Dog a Pavlov” é outra faixa muito boa, com melodias grudentas e bases feitas sob medida para bater cabeça. O álbum fecha com “Sweet Demise”, bonus track da edição nacional.

A versão lançada no Brasil pela Nuclear Blast / Laser Company conta com um DVD bônus com um interessante documentário sobre a gravação do disco, e com um detalhe muito importante: ao contrário da maioria dos DVDs de metal que ganham versões nacionais, aqui existem as obrigatórias legendas em português. Parabéns para a gravadora!

Outro ponto digno de nota é a excepcional arte da capa e do longo encarte, criada por Bartosz Nelezinkski. Um trabalho que realmente enche os olhos.

Produzido pelo próprio Peter Wichers, The Panic Broadcast é um disco excelente. Suas faixas contam com uma enxurrada de melodias bem construídas, que resultam em um som moderno e atual, feito com enorme maestria e talento. Os destaques individuais são Björn Strid, dono de uma garganta privilegiada, e a dupla de guitarristas, que demonstra grande entrosamento, inspiração e criatividade durante todo o play. Sem dúvida um dos melhores álbuns da carreira do Soilwork, e que recoloca a banda no posto de onde nunca deveria ter saído: uma das mais inovadoras, originais e, porque não, influentes do heavy metal contemporâneo.


Faixas:
1 Late for the Kill, Early for the Slaughter 4:10
2 Two Lives Worth of Reckoning 4:56
3 The Thrill 4:33
4 Deliverance Is Mine 3:51
5 Night Comes Clean 5:12
6 King of the Threshold 4:57
7 Let This River Flow 5:21
8 Epitome 4:45
9 The Akuma Afterglow 4:30
10 Enter Dog of Pavlov 5:36


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