The Gaslight Anthem: crítica de Handwritten (2012)

Vem de Nova Jersey um dos melhores discos de rock de 2012: Handwritten, quarto álbum do The Gaslight Anthem. Inspirado pelo conterrâneo Bruce Springsteen, o grupo formado por Brian Fallon (vocal e guitarra), Alex Rosamilia (guitarra), Alex Levine (baixo) e Benny Horowitz (bateria) gravou um CD repleto de grandes canções.


As onze faixas de Handwritten são fortes e soam como pequenos e despretenciosos hinos. Com ótimas melodias, ganchos bem construídos e refrões certeiros, a banda conquista o ouvinte. A energia e o suor, o tesão que os caras transmitem nas canções, contagiam e fazem nós que estamos aqui do outro lado embarcarmos juntos. 

O título - “handwritten”, “escrito à mão” - dá a pegada de todo o trabalho. O som é orgânico, vivo, com os instrumentos esculpindo composições redondas e inspiradas. Na contramão da anemia sonora que torna grande parte do pop e do rock atuais insípidos e sem personalidade, o Gaslight Anthem surge com um álbum quente e pulsante, mostrando a importância do testosterona e do sentimento para toda uma geração de jovens que parecem preferir muito mais a companhia de seus gadgets eletrônicos a indivíduos de carne e osso. 

A sombra de Springsteen paira sobre Handwritten, e não apenas na semelhança entre o timbre de Fallon e o seu. As faixas soam, em diversos momentos, como se o Boss voltasse no tempo e não tivesse mais 63, mas sim vinte e poucos anos outra vez. E essa semelhança não tem nada a ver com uma suposta falta de originalidade do quarteto, muito pelo contrário. A obra de Springsteen está incrustada no inconsciente coletivo dos Estados Unidos, e é reconfortante perceber o quanto ele influenciou e abriu o caminho que bandas como o The Gaslight Anthem seguem atualmente.



Destaques existem aos montes. A abertura com “45” já chama a atenção. A faixa-título tem cara de hit certo, assim como “Here Comes My Man”. “Keepsake” tem um que de Tom Petty em sua estrutura, enquanto “Howl” e “Desire” pulam dos alto-falantes e tomam conta do ambiente. Sente-se em certas passagens a influência de bandas norte-americanas não tão faladas, mas cultuadas ao extremo, como The Replacements e The Smithereens - essa última, não por acaso, também natural de Nova Jersey. Ou seja, o negócio aqui é rock grudento, que não medo de flertar com o pop e sabe usar essa aproximação para soar ainda mais forte.

Bom do início ao fim, Handwritten é um daqueles discos que contradizem quem adora afirmar que não há nada de bom sendo feito no rock atual. Há sim, e uma das melhores provas está aqui.

Altamente recomendado!

Nota: 8,5

Faixas:

  1. 45
  2. Handwritten
  3. Here Comes My Man
  4. Mulholland Drive
  5. Keepsake
  6. Too Much Blood
  7. Howl
  8. Biloxi Parish
  9. Desire
  10. Mae
  11. National Anthem

Comentários

  1. Ricardo, Olha pela resenha achei que iria dar no mínimo uma nota 9,5 hehe... Enfim não conhecia a banda, mas a forma como descreveu o álbum me deixou extremamente curioso, com certeza vou correr atrás e ouvir. Parabéns pela bela resenha.

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  2. Não gostei não. É questão do estilo: eu acho tudo muito igual. Parece que fico 50 minutos ouvindo a mesma música.

    Se eu começar ouvindo em qualquer música, começo gostando, mas logo enjoo.

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