Almah: crítica de Unfold (2013)

Quarto álbum do Almah, Unfold será lançado dia 25 de novembro no Brasil pela Substancial Music e no mesmo dia na Europa pela Scarlet Records. Produzido pelo próprio Edu Falaschi, o trabalho é, facilmente, o melhor registro da banda do ex-vocalista do Angra. E, analisando toda a carreira de Falaschi, só fica atrás de Temple of Shadows, o fenomenal álbum lançado pelo Angra em 2004 e na minha opinião um dos melhores discos de power metal de todos os tempos.

Deixar o Angra de lado fez bem para Edu Falaschi. Longe do grupo desde maio de 2012, Eduardo agora tem tempo e energia para focar todos os seus esforços em sua própria banda. E isso, somado ao fato de estar cercado por excelentes instrumentistas, reflete em uma música moderna e com qualidade inegável.

Unfold traz vários gêneros em suas doze faixas. O Almah passeia pelo power metal, pelo prog e até mesmo pelo hard rock e pelo pop - vide “Wings of Revolution”. E faz tudo isso desenvolvendo uma sonoridade atual, que pega elementos do passado mas não fica presa a eles. Pelo contrário: todas essas influências são relidas, reprocessadas e apresentadas com uma cara contemporânea, característica que fica ainda mais evidente devido à produção certeira do trabalho, também a cargo de Falaschi.

Os riffs da dupla de guitarristas Marcelo Barbosa e Gustavo Di Pádua, mesmo em composições que trazem influência do power metal que levou Eduardo à fama, não repetem clichês do estilo - algo, diga-se de passagem, extremamente difícil em se tratando do metal melódico. O baixista Raphael Dafras é o destaque principal do disco, com linhas criativas e que fazem o seu instrumento se sobressair em todas as faixas. E o baterista Marcelo Moreira mostra, mais uma vez, ser dono de uma técnica diferenciada.

Em relação à performance vocal de Edu Falaschi, ela merece até um novo parágrafo. Não ouvimos em praticamente nenhum momento de Unfold os registros mais agudos do cantor. E isso é um dos principais acertos do trabalho. Cantando de forma mais grave e, porque não fizer, contida e sem exageros, Eduardo conseguiu alcançar um resultado final muito bom, que comprova o quão acertada foi a decisão de deixar a sua ex-banda.

Entre as doze faixas, destaques para “In My Sleep” (que abre o play e é uma das melhores do álbum), “The Hostage” (com ótimos riffs), “Raise of the Sun” (com um clima meio Edguy e Avantasia, fato evidenciado pela presença do teclado tocando a melodia principal), “Cannibals in Suits” (pesadíssima e com um equilíbrio interessante entre riffs mais atuais e boas melodias), “Wings of Revolution” (um hard rock grudento e com cara de sucesso fácil nas rádios rock da vida - deve ser lançada como single no futuro devido ao seu enorme potencial radiofônico) e “Treasure of the Gods” (com direito até a passagens com vocais guturais), na tradição das longas composições repletas de mudança de andamento e que vão do prog ao power metal sem cerimônias.

Eu não gosto das atitudes de Edu Falaschi. Basta fazer uma rápida pesquisa e você encontrará comentários ásperos meus em relação à sua postura como artista - e a recíproca é verdadeira, com o troco sendo dado na mesma moeda no outro lado. No entanto, seria hipocrisia minha levar isso para o lado pessoal e não reconhecer a qualidade de um disco como Unfold. Forte e consistente, o álbum marca uma nova fase na carreira de Eduardo e do Almah, comprovando que a banda tem potencial para alçar vôos altos não só no Brasil, mas também lá fora.

Ouça, você também irá curtir.

Nota 8

Faixas:
1 In My Sleep
2 Beware the Stroke
3 The Hostage
4 Warm Wind
5 Raise of the Sun
6 Cannibals in Suits
7 Wings of Revolution
8 Believer
9 I Do
10 You Gotta Sand
11 Treasure of the Gods
12 Farewell

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. A sua atitude, explicita no penúltimo parágrafo, explica porque há muito tempo não acesso o Whiplash e uso como uma das minhas principais fonte de informação o Collector's. Parabéns Ricardo!!! Respeito e admiro demais sua atitude!!!

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  2. Sei das tretas entre tu e o Edu e achei muito coerente e profissional da tua parte escrever essa resenha. E concordo em gênero, número e grau, é o melhor de Edu depois do ToS.
    Merece um grande reconhecimento.
    Parabéns pela resenha.

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  3. tbm não concordo com algumas atitudes do edu e nem com algumas do ricardo... mas é questão de opinião pessoal... se falam determinadas coisas é o pq tem seus motivos e devemos respeita-los... o ricardo teve postura seria de saber separar o grande talento do edu com a diferença das suas opiniões... é disso q precisa na internet, territorio que cada vez mais é invadido por brigas de ego...
    por isso como o amigo que comentou do whiplash, cada vez mais me afasto de la e leio blogs como e esse aqui... qto ao disco achei excelente no todo, com os solos de guitarra absurdos!!

    abç

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  4. Vim ler a crítica achando que o Ricardo ia meter o pau no disco! E me surpreendi! Parabéns pelo profissionalismo e por não deixar os atritos que você teve com o Falaschi atrapalhar a avaliação do álbum. Me fez ficar com ainda mais vontade de ouvir o álbum.

    Keep up the good work.

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  5. Acho que no passado houve exagero das duas partes, mas parabéns ao Ricardo por mais uma excelente resenha.
    Estou aguardando a minha cópia do álbum chegar,e depois de ler este texto, ainda mais ansioso.

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  6. Respeito o carinho da maioria de vcs pelo Helloween, mas a "culpa" pela gritaria dos albuns melódicos está nessa influência. Espero que as bandas atuais pautem nesse vocal mais grave, que torna os discos muito mais interessantes. Gostei bastante do som, foge dos clichês desse estilo, que eu já tinha até abandonado.

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