Os melhores discos de 2014 na opinião de João Renato Alves

O João é o cara que toca a Van do Halen, o principal site brasileiro de notícias sobre rock e heavy metal. Um trabalho árduo, que exige esforço e dedicação diários, e vem colhendo frutos cada vez maiores. Conheço o João Renato já há algum tempo e o cara é uma das pessoas mais íntegras que encontrei neste meio - o que, vale sempre a pena dizer, é um caso raro, infelizmente.

Como fazemos todos os anos, convidamos o João para participar do nosso melhores do ano, e aqui vão as suas indicações (clique nos links para ouvir os discos).

2014 foi um ano bacana e diversificado no terreno musical. Muita coisa boa do classic rock ao metal extremo. Segue o top 10 de minha autoria, que não tem pretensão alguma de ser referência, apenas é uma amostra de várias coisas boas que passaram pelos meus tímpanos este ano.


Wilko Johnson & Roger Daltrey – Going Back Home

Inicialmente, seria a despedida de Wilko, que recebeu expectativa de poucos meses de vida graças a um câncer no pâncreas. Hoje o cenário mudou, após cirurgia experimental que parece ter sido bem sucedida. Mas o que realmente  interessa é que Going Back Home é um petardo, que faz o ouvinte vibrar e se emocionar. São menos de 35 minutos de música em 11 faixas. Suficiente para colocar o disco no topo.

Uganga – Opressor

Há tempos que os mineiros já se colocaram no topo da cena nacional em termos de qualidade e originalidade. Opressor é um passo adiante, um caldeirão de influências do hardcore ao metal em seus subgêneros com resultado mais que digno. Uma prova de que o som pesado em português não apenas é uma realidade como deveria receber atenção bem maior, especialmente do público.

Chrome Division – Infernal Rock Eternal

Após bater na trave nos discos anteriores, Shagrath e sua turma acertaram a mão de vez na quarta tentativa. É aquele rock vigoroso, com pegada heavy e melodias na medida certa, com certa atmosfera estradeira oferecendo o clima necessário para apreciação. Minha música preferida de 2014 está nele, a impagável “(She’s) Hot Tonight”.

Adrenaline Mob – Men of Honor

O primeiro era bom, porém meio repetitivo. A saída de Mike Portnoy e a entrada de AJ Pero parece ter forçado o Adrenaline Mob a ser mais direto em Men of Honor. E deu certo. A pegada fulminante produziu bons sons, alguns que poderiam até figurar nas rádios rock da vida. O caminho foi encontrado, resta saber se será seguido nos próximos capítulos.

Winger – Better Days Comin’

O melhor disco desde o retorno da banda. O hard rock pesado e direto é a base, mas há espaço para momentos prog e até mesmo passagens mais pop, lembrando a carreira solo de Kip Winger. Tudo feito com extremo bom gosto por músicos muito acima da média que não se tornaram meros firulentos exibidos.


De todas as recentes revelações, a que mais me agradou. Blues rock pegado, com incursões bem executadas pelo metal dos primórdios. O quarteto comandado pela poderosa vocalista Elin Larsson não tem medo de soar retrógrado e ganha o jogo pela autenticidade que imprime, algo muito difícil de acontecer com quem se aventura por águas já navegadas. Alvoroço justificado.

Mr. Big - ...The Stories We Could Tell

Inicialmente, os músicos do Mr. Big não se reuniriam este ano. A prioridade seria o Winery Dogs e carreiras solo. Mas a doença do baterista Pat Torpey forçou uma mudança de planos. Sorte que, mesmo com atropelos, a inspiração estava em alta. O grupo mergulhou em suas raízes e lançou um trabalho ainda melhor que seu antecessor, o já ótimo What If... .

Unisonic – Light of Dawn

Com a tensão da estreia quebrada, Michael Kiske sentiu-se mais à vontade para se reaproximar da abordagem sonora que o consagrou. Como consequência, o segundo álbum do Unisonic traz um tracklist bem mais coeso em comparação ao primeiro. Vários momentos fazem verter lágrimas nos fãs mais ferrenhos da era Keepers, especialmente por aquele gogó que ainda está tinindo.

Slash – World on Fire

Definitivamente, apenas uma coisa justificaria uma volta do Guns N’ Roses: grana, muita grana. Especialmente para Slash, que segue lançando bons discos desde que saiu da banda e não precisa lidar com egocentrismo (que sejamos justos, não vem apenas de Axl). World on Fire tem o mérito de ser longo sem enjoar, como tem acontecido com trabalhos recentes de outras bandas, como Aerosmith e Judas Priest, para citar dois monstros sagrados.

Kix – Rock Your Face Off

Confesso nunca ter sido grande fã da banda. Mas seu primeiro álbum de inéditas desde 1995 é um deleite para adeptos do hard rock, tanto setentista quanto oitentista. Músicas guiadas por riffs de primeira, melodias marcantes e influências saudáveis de AC/DC, Aerosmith e Rolling Stones mostram que Steve Whiteman e companhia não perderam a manha de criar sons simples, diretos e marcantes.

Não entraram, mas poderiam estar lá:

Vandenberg’s Moonkings – Moonkings
Edguy – Space Police Defenders of the Crown
Killer Be Killed – Killer Be Killed
The Quireboys – Black Eyed Sons
Ace Frehley – Space Invader
Overkill – White Devil Armory
Jeff LaBar – One for the Road
Accept – Blind Rage
Slipknot - .5: The Gray Chapter
Machine Head – Bloodstone & Diamonds

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