Sepultura: leia o review da RockHard para 'Roots', publicado em 1996



Passados 20 anos do seu lançamento, Roots segue dividindo opiniões. Enquanto uma parcela dos fãs e críticos apontam o disco como o mais importante da carreira do Sepultura, outra parte simplesmente não consegue digerir a sua sonoridade e experimentações e detesta o álbum, apontando-o como o responsável pelo início do fim do quarteto mineiro.

Abaixo está um interessante review publicado na época do lançamento de Roots, em 1996. O texto foi escrito pelo jornalista alemão Frank Albrecht e publicado na edição 106 da também alemã RockHard, uma das mais tradicionais revistas europeias especializadas em heavy metal.


Confesso que não sei o que pensar sobre este disco. É claro que uma banda deve evoluir, e é compreensível que os músicos não queiram fazer sempre a mesma coisa. Mas para o meu gosto, o Sepultura errou ligeiramente o alvo em seu novo disco, deixando de lado o velho thrash de raiz que caracterizava a banda até agora. 

O disco começa muito bonito com “Roots Bloody Roots”, uma grande faixa de abertura que envolve todas as qualidades do Sepultura. “Attitude”, com influências do Fudge Tunnel e do Clutch, é outro destaque. Mas com o decorrer das faixas o álbum vai ficando mais louco e confuso. Intermináveis orgias de ruído, vocais distorcidos, sons caóticos: suspeito que os guitarristas do Sepultura tenha usado “drogas demais”. 

O fato é que Roots me apresenta uma dicotomia. Por um lado, os brasileiros são deliciosamente não-comerciais e imortalizaram ideias realmente grandes - por exemplo, as inúmeras batidas funk. Por outro lado, às vezes eles apresentam demasiada influência de nomes como Neurosis e Melvins, o que para uma banda com o status do Sepultura soa sem nenhuma necessidade no momento. A identidade da banda está aqui, e suas experimentações também.

Enquanto o álbum segue apresentando boas canções como “Straight Hate” e cativando o ouvinte, ao mesmo tempo eu duvido que os fãs das antigas possam realmente se acostumar e digerir este novo material.

Conclusão: Roots é um bom álbum, nada além disso.

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