Review: Cavera - Until for Rational Consumption (2016)



Until for Rational Consumption é o primeiro disco do quarteto gaúcho Cavera, natural da cidade de Carlos Barbosa. O álbum foi precedido pelo EP Mental Killer, de 2013. A sonoridade é um metal contemporâneo, que não tem medo de trilhar os caminhos mais atuais da música pesada. Isso é traduzido em canções logicamente agressivas, mas que trazem passagens que buscam fugir do convencional, além da constante experimentação com andamentos fora do comum.

Nas críticas que li a respeito do disco encontrei alusões ao System of a Down, com textos relacionando o Cavera ao quarteto norte-americano. Confesso que essa associação não passou nem próxima de meus ouvidos. O que me chamou a atenção foi a similaridade sutil, em alguns aspectos, com o Slipknot (mas bem de leve, mesmo). 

Muito bem produzido, Until for Rational Consumption traz treze faixas bem desenvolvidas, que mostram o ótimo estágio que a banda se encontra. Alguns pontos ainda podem melhorar, principalmente nos vocais de Rodrigo Rossi (também guitarrista), que soam melhores quando mais agressivos e guturais. Não que seu timbre natural seja ruim, mas quando Rossi explora timbres um pouco mais agudos e menos graves a coisa parece meio fora de lugar. Musicalmente tudo soa muito coeso, com riffs que em alguns momentos bebem do thrash e em outros buscam inspiração em nomes mais atuais da cena norte-americana. A dupla baixo e bateria trabalho em harmonia, sustentando as composições com um groove pesado e sólido, enquanto a dupla de guitarristas traz abordagens que levam a música do Cavera para paisagens bastante distantes do metal mais tradicional.


No final, Until for Rational Consumption revela-se um trabalho mediano, com bons momentos como “Collision" e “Glistening Lips”. O uso de vocais mais agressivos e guturais em trabalhos futuros, sem a alternância com vozes limpas, pode ser um caminho para tornar a música do Cavera ainda mais forte. Além disso, o excesso de faixas faz com que a audição seja um pouco cansativa. Um número menor de canções traria mais foco e um caminho mais definido para o disco, que acaba saindo dos trilhos em alguns momentos.

Apesar desses aspectos, trata-se de um álbum bastante interessante, e que mostra uma banda com talento e potencial inegáveis.


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