Review: Royal Blood - How Did We Get So Dark? (2017)


Com o lançamento de seu segundo disco, a pergunta é inevitável: afinal de contas, o Royal Blood é tudo isso mesmo? A resposta é simples e direta: ao que parece, sim.

Ainda que não seja tão pesado e cativante quanto o auto-intitulado álbum de estreia liberado em 2014, How Did We Get So Dark? tem mais acertos do que erros. O novo trabalho da dupla Mike Kerr (vocal e baixo) e Ben Thatcher (bateria e percussão) muda um pouco o foco ao deixar em segundo plano o peso monolítico e a onipresente influência de Black Sabbath e apostar em uma variedade de influências mais ampla, que se traduz em uma pegada pop que caminha por todo o disco.

Isso faz com que harmonias, contrapontos e artifícios do tipo ocupem o espaço que era todo da interação entre o baixo e bateria no primeiro álbum. Há acertos (“Lights Out” tem uma enorme influência de Queens of the Stone Age e é contagiante) e derrapadas (“Look Like You Know” é bem fraquinha), mas a experimentação por novas possibilidades era inevitável neste segundo disco.

A produção, a cargo da própria banda e da dupla Tom Dalgety e Jolyon Thomas, é exemplar e entrega uma sonoridade cheia e gorda, como convém a um duo que tem como elementos principais o baixo e a bateria. O instrumental segue não tendo nada de muito elaborado mas funciona bem, enquanto Kerr mostra evolução nos vocais, inserindo até uns falsetes pelo caminho (ouça “She's Creeping”).

No final, o que conta mesmo é que o debut veio com um número muito maior de músicas fortes e que cativavam à primeira audição. Em How Did We Get So Dark? há uma inegável perda neste aspecto, com poucos momentos de brilho (a música que dá nome ao disco, a sensacional “Lights Out”, "I Only Lie When I Love You", “Hole in Your Heart” e “Sleep”, com uma pegada meio The Black Keys), mas uma sadia tentativa e ambição em inserir uma maior variação às composições, o que, em se tratando de um duo (onde a limitação faz parte do próprio formato), é sempre bem-vindo.

Respondendo a pergunta do primeiro parágrafo: o Royal Blood é uma boa banda, com potencial para crescer muito nos próximos anos. O foco no pop tirou um pouco da força do grupo, mas os caras continuam valendo a pena.

Comentários

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  2. Conheci seu blog através do Whiplash. Parabéns, ótimo!

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  3. Seja bem-vindo, Ronaldo. O site existe desde 2008 e está cheio de matérias legais. Dá uma desbravada aí. Abraço.

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