Review: Leprous - Malina (2017)


Quem olha pra Noruega nos dias de hoje, acha que o país respira só o clima da cena black metal. Ledo engano! O país é capaz de fazer metal gótico, death e progressivo de imensa qualidade. Dentro dessa tangente insere-se a galera do Leprous.

A primeira vez (recente, por sinal) que soube do nome da banda, pensei que se tratasse de um grupo de black metal com aqueles logos indecifráveis. Fui escutando cada um dos seus cinco álbuns de estúdio já lançados e percebi que sua sonoridade difere bastante da escola norueguesa de metal extremo, mesmo com alguns integrantes terem participado de trabalhos de nomes como Emperor e Ihsahn.

Seu mais recente álbum, Malina, é bem diferente dos seus quatro discos anteriores. Ele tem uma sonoridade mais calma, sem a batida mais pegajosa de discos como Coal (2013) -o melhor deles, na minha opinião - e The Congregation (2015). 

A faixa que abre o CD, "Bonneville", tem um feeling jazzístico que lembra como se estivéssemos numa cachoeira olhando o curso de seu trajeto. "Stuck" já mostra uma trilha sonora diferente do que foi com a canção de abertura, onde temos uma banda mais solta, no estilo dos discos anteriores, um dos pontos altos de Malina. Já em "From the Flame", primeiro single, o ritmo continua com Eimar depositando mais sentimento no andamento da canção. 

"Iluminate" segue o mesmo molde das faixas anteriores, "From the Flame" e "Captive". Já em "Leashes" a tranquilidade entra junto com os violinos servindo de pano de fundo. Em "Mirage", temos um clima mais atmosférico onde podemos viajar em seus seis minutos e quarenta e oito segundos de som. "Malina", canção que dá nome ao álbum, põe a banda novamente num caminho mais light, no qual os violinos aparecem mais uma vez e vemos Einar Soldberg jogar-se de cabeça à medida que a canção entra em seu crescendo progressivo ditado pelos acordes. 

"The Weight of Disaster", para mim, uma das melhores do álbum, mostra seu vocalista cantando como se fosse Matt Bellamy (Muse) misturado com Omar Rodriguez Lopez (The Mars Volta), numa canção que chega a ter um quê de Opeth, num poderoso riff que explode em suspense quando chega em seu ápice.  A última faixa, "The Last Milestone", com arranjos orquestrais, é uma canção recheada de influências que vão do blackgaze ao post metal, com aquele gosto de música que dá encerramento ao disco.

Malina é um álbum carregado de sentimentos que os fãs mais tradicionais e exigentes de rock e metal progressivo vão adorar. É para ser ouvido sentado numa poltrona, como se estivéssemos num espetáculo de teatro ou num concerto sinfônico apreciando cada um desses onze capítulos. Não possui a qualidade de trabalhos como Coal (2013) e The Congregation (2015), mas tem grandes momentos durante seus 58 minutos. Sem dúvida vai entrar em algumas listas de melhores do ano e ser criticado em outras resenhas. No entanto, por tudo que fizeram até aqui, cumprem o objetivo com maestria.

Comentários