Quadrinhos: Marada: A Mulher-Lobo, de Chris Claremont e John Bolton


O roteirista Chris Claremont é fortemente associado a duas coisas: aos X-Men e aos longos - e muitas vezes cansativos - textos. Os primeiros, como era de se esperar, não estão presentes em Marada: A Mulher-Lobo. E os segundos, surpreendentemente, também passam longe.

Marada foi publicada originalmente em 1982 na revista Epic Illustrated 10 do selo Epic da Marvel, iniciativa voltada para leitores adultos similar ao que a DC faria alguns anos mais tarde com a Vertigo. A ideia original foi concebida como uma história da Red Sonja, parceira de Conan, mas os planos acabaram sendo alterados. O sucesso do filme Conan: O Bárbaro, lançado em 1982 pela Universal Pictures tendo Arnold Schwarzenegger no papel principal, motivou a MGM a produzir um filme contando a história de Red Sonja, trazendo a atriz dinamarquesa Brigitte Nielsen (que alguns anos mais tarde se casaria com Sylvester Stallone) interpretando a guerreira. Claremont então mudou o roteiro e, ao invés de Era Hiboriana, ambientou a história no período do Império Romano, além de alterar os cabelos vermelhos de Red Sonja pelos prateados de sua nova heroína.

Assim nasceu Marada, uma das maiores guerreiras de Roma, que ganhou vida pelo lindo traço do ilustrador inglês John Bolton. A trama explora o universo de espada e feitiçaria comum ao mundo de Conan, mas que aqui ganha novos contornos pelo texto de Claremont e a arte de Bolton. O que temos, a partir de então, é uma aventura contagiante e que se revela, apesar da presença de Chris Claremont e dos quase 40 anos de vida, surpreendentemente dinâmica.


A edição lançada pela editora Pipoca & Nanquim vem com um impressionante acabamento de luxo, com destaque para o verniz aplicado na capa e para as páginas, que apresentam um tom dourado na borda, dando ao livro uma aparência singular e muito bonita. Publicado no formato 22 x 30 centímetros, capa dura e 112 páginas em papel couché de 150 gramas, Marada: A Mulher-Lobo é certamente um dos quadrinhos mais belos lançados no Brasil nos últimos anos, editorialmente falando. O cuidado do pessoal do PN com a produção e acabamento gráfico do material é digno de elogios, resultando em uma obra singular e que agrega ainda mais à história contada por Claremont e Bolton.

Com diversos textos extras que contextualizam a obra e dão uma nova dimensão à HQ, Marada: A Mulher-Lobo é um quadrinho com uma forte pegada feminista muito antes de essas questões virem à tona na nona arte, assim como não economiza em temas polêmicos como o estupro, por exemplo. As páginas parecem ganhar vida no traço expressivo de John Bolton, e ficam ainda mais belas nesta edição do PN. Vale mencionar que a criação de Chris Claremont já havia sido publicada no Brasil em dezembro de 1989 na série Graphic Globo, da Editora Globo, porém a edição da Pipoca & Nanquim traz a série completa, com uma terceira história que era inédita por aqui.

Se você é fã de espada e feitiçaria e de HQs na linha de Conan, este é um quadrinho bastante indicado para a sua coleção. E se você é daqueles leitores que adoram histórias bem desenhadas e com artes impressionantes, Marada: A Mulher-Lobo é obrigatória para o seu acervo. Seja qual for o caso, eis aqui um título que vale a pena ter.



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