Review: Triumph - Never Surrender (1983)


Em um trabalho digno de nota, a Hellion Records está relançando no Brasil a discografia remasterizada do trio canadense Triumph, uma das bandas mais subestimadas e cultuadas do hard & heavy oitentista. Após o clássico Allied Forces (1981) - leia o review aqui -, chegou a vez do seu sucessor retornar ao mercado brasileiro.

Never Surrender, sexto disco do grupo formado pelo vocalista e guitarrista Rik Emmett, pelo baixista e tecladista Michael Levine e pelo baterista e vocalista Gil Moore, saiu originalmente em 1982 no Canadá e no final de janeiro de 1983 no restante do mundo. O álbum veio com dez faixas que apresentam o hard rock típico do trio, com toques de rock progressivo e o refinamento instrumental característico.

O problema é que, impulsionado pela ótima performance comercial dos trabalhos anteriores, que renderem quatro discos de platina em sequência para o grupo, o Triumph entrou em uma ciranda insana de shows e, ao parar para gravar Never Surrender, precisava muito mais de descanso do que de entrar em estúdio. O resultado é que, apesar de ser um bom disco, Never Surrender acabou ficando abaixo dos trabalhos anteriores. Há inegáveis semelhanças com Allied Forces, como a óbvia similaridade entre a música título e “Fight the Good Fight”. As duas são ótimas músicas, mas “Never Surrender” é certamente irmã do estilo e da abordagem apresentadas na canção presente em Allied Forces.

Independente desses aspectos, o que me chama a atenção nestes álbuns do Triumph é o quanto eles envelheceram bem e não soam datados. Confesso que não acompanhei a banda quando ela estava gravando os LPs que a tornaram cultuada em todo o planeta, e talvez esse distanciamento afetivo faça com que eu assimile a música do Triumph sem recordações e doses de nostalgia que poderiam interferir no veredito. E, livre dessas amarras, o que chega aos meus ouvidos é hard rock cheio de classe e com ótimas melodias da banda, que ora aproxima-se do heavy metal e em outros momentos soa como um AOR de alto quilate.

Mesmo não sendo um disco obrigatório e com a aura de clássico que Allied Forces inegavelmente possui, Never Surrender é um bom álbum e que proporciona uma audição bastante agradável. Ou seja: exatamente o que queremos ao ouvir um CD, não é mesmo?


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