Por Ronaldo Rodrigues
Colecionador
Apresentador do Programa Estação Rádio Espacial
Solid Rock Radio
Rock Puro
Discorrer sobre o sucesso é algo bastante empírico, nada analítico. Não existe fórmula para o sucesso e nem fórmula para o insucesso. Talvez as receitas de insucesso sejam mais propensas ao êxito, já que a probabilidade de acontecer algo positivo é apenas um dos diversos aspectos da ordem vigente de nada acontecer.
Pois bem, seria o sucesso apenas um fator múltiplo do talento? A história nos mostra muitos casos em que isso não ocorre, ao que chamamos de “injustiçados”. Mas uma coisa é certa – talento é mais do que necessário para a manutenção do sucesso. Não fosse sem talento, nomes como os Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin, Jimi Hendrix e muitos outros não passariam na barreira do tempo, tendo suas obras dissecadas por décadas a fio. Mas há também casos de sucesso momentâneo em que o fator talento é bastante discutível (e alguns poucos casos de sucessos duradouros dessa forma).
Algumas outras teorias para o sucesso musical poderiam apontar a tese de “a música certa na hora certa” ou, mercadologicamente, “o produto certo na hora certo”. E para quem lançou moda? E para quem fez sucesso apontando novas direções? Isso pode parecer antogônico, pois se algo não existe ainda, ou existe em forma embrionária, como pode ser considerado a “coisa certa”? E também como explicar, por essa tese, aqueles que seguiram exatamente o receituário de um dado estilo, com talento e com musicalidade e não conseguiram ir adiante? Como explicar?
Em dados momentos, diz-se “a onda é essa”, em outros se diz “é preciso inovar”. O que fazer para o sucesso? Inovar ou manter se firme em seu propósito inicial? Existem casos de artistas multiplurais que sempre inovaram a cada trabalho e nunca deixaram de serem bem sucedidos, outros continuam como a mesma fórmula desde sempre e seguem no sucesso.
Uma boa estrutura material é muito importante – recursos, empresariado competente e honesto, “apadrinhamento”, “contatos”, auxílio das mídias. Mas não é fundamental. O sucesso vem quando existem esses elementos, mas também já surgiu onde eles não existiam e também deixou de coroar aqueles que os possuíam.
Uma outra questão: até que ponto o fato de algo ser considerado sucesso (ou ser considerado referência) altera a nossa avaliação musical? Será que todos teriam a mesma avaliação da obra dos Beatles caso eles fossem uma banda obscura ou somente de fama local? Até que ponto o aspecto mercadológico afeta nossos sentimentos, nossa interpretação musical? A princípio, esse questionamento pode ferir nossas concepções, mas é algo que nos instiga. Vai dizer que você não conhece ninguém que já rechaçou de cara a obra de algum artista só por ele não ser conhecido? Ou não conhece alguém que só goste de hits ou diz que seu gosto se baseia naquilo que toca na FM? Pois bem, essas são pessoas que claramente tem seu gosto musical influenciado pelo sucesso (pelo menos em partes). Um pensamento tal qual “o rock está morto” ou outros clichês de mesma natureza são fruto óbvio dessa influência, já que tais pessoas crêem nisso pelo simples fato do rock não ter mais a repercussão comercial sobre as massas (especialmente a massa jovem) que nos anos 60-70, ignorando a fortuna de bandas de rock que valentemente circula pelo underground mundo afora.
E como explicar os insucessos? Pode parecer inicialmente mais fácil. Mas não é. Ouvimos aquelas bandas antigas de um disco só, bem produzido e com músicas impecáveis, algumas até bem grudentas e que poderiam fácil fácil tocar numa FM da época. Ficamos imaginando aquele material no palco, os músicos dando tudo de si, o público ensandecido, críticas positivas nos folhetins ... mas nada disso ocorreu. Logo vem a associação com nomes famosos e surge aquele pensamento “poxa, isso é tão bom quanto Z! (alguma banda famosa)”. Se você investigar o porquê dos porquês, perguntará para a própria banda. Como auto-defesa, virá a resposta: “o público da época não estava preparado para o nosso som” ou então “nosso som estava à frente do nosso tempo”. Mas aí você, muito esperto, saca de música e do cenário da época , vê outros sons bem mais malucos, ousados, experimentais e vanguardistas que conseguiram êxito. E aí?
Enfim, sucesso não é só talento, não é só sorte, não são só recursos, não é só entendimento do cenário, não é só mídia e divulgação, não é só público, não é só crítica. É um misterioso conjunto de condições que, combinadas em maior ou menor proporção, coroam alguns poucos nomes. E, para a posteridade, conserva em seu bálsamo alguns pouquíssimos privilegiados. E para o insucesso, idem.
Rock Puro
Discorrer sobre o sucesso é algo bastante empírico, nada analítico. Não existe fórmula para o sucesso e nem fórmula para o insucesso. Talvez as receitas de insucesso sejam mais propensas ao êxito, já que a probabilidade de acontecer algo positivo é apenas um dos diversos aspectos da ordem vigente de nada acontecer.
Pois bem, seria o sucesso apenas um fator múltiplo do talento? A história nos mostra muitos casos em que isso não ocorre, ao que chamamos de “injustiçados”. Mas uma coisa é certa – talento é mais do que necessário para a manutenção do sucesso. Não fosse sem talento, nomes como os Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin, Jimi Hendrix e muitos outros não passariam na barreira do tempo, tendo suas obras dissecadas por décadas a fio. Mas há também casos de sucesso momentâneo em que o fator talento é bastante discutível (e alguns poucos casos de sucessos duradouros dessa forma).
Algumas outras teorias para o sucesso musical poderiam apontar a tese de “a música certa na hora certa” ou, mercadologicamente, “o produto certo na hora certo”. E para quem lançou moda? E para quem fez sucesso apontando novas direções? Isso pode parecer antogônico, pois se algo não existe ainda, ou existe em forma embrionária, como pode ser considerado a “coisa certa”? E também como explicar, por essa tese, aqueles que seguiram exatamente o receituário de um dado estilo, com talento e com musicalidade e não conseguiram ir adiante? Como explicar?
Em dados momentos, diz-se “a onda é essa”, em outros se diz “é preciso inovar”. O que fazer para o sucesso? Inovar ou manter se firme em seu propósito inicial? Existem casos de artistas multiplurais que sempre inovaram a cada trabalho e nunca deixaram de serem bem sucedidos, outros continuam como a mesma fórmula desde sempre e seguem no sucesso.
Uma boa estrutura material é muito importante – recursos, empresariado competente e honesto, “apadrinhamento”, “contatos”, auxílio das mídias. Mas não é fundamental. O sucesso vem quando existem esses elementos, mas também já surgiu onde eles não existiam e também deixou de coroar aqueles que os possuíam.
Uma outra questão: até que ponto o fato de algo ser considerado sucesso (ou ser considerado referência) altera a nossa avaliação musical? Será que todos teriam a mesma avaliação da obra dos Beatles caso eles fossem uma banda obscura ou somente de fama local? Até que ponto o aspecto mercadológico afeta nossos sentimentos, nossa interpretação musical? A princípio, esse questionamento pode ferir nossas concepções, mas é algo que nos instiga. Vai dizer que você não conhece ninguém que já rechaçou de cara a obra de algum artista só por ele não ser conhecido? Ou não conhece alguém que só goste de hits ou diz que seu gosto se baseia naquilo que toca na FM? Pois bem, essas são pessoas que claramente tem seu gosto musical influenciado pelo sucesso (pelo menos em partes). Um pensamento tal qual “o rock está morto” ou outros clichês de mesma natureza são fruto óbvio dessa influência, já que tais pessoas crêem nisso pelo simples fato do rock não ter mais a repercussão comercial sobre as massas (especialmente a massa jovem) que nos anos 60-70, ignorando a fortuna de bandas de rock que valentemente circula pelo underground mundo afora.
E como explicar os insucessos? Pode parecer inicialmente mais fácil. Mas não é. Ouvimos aquelas bandas antigas de um disco só, bem produzido e com músicas impecáveis, algumas até bem grudentas e que poderiam fácil fácil tocar numa FM da época. Ficamos imaginando aquele material no palco, os músicos dando tudo de si, o público ensandecido, críticas positivas nos folhetins ... mas nada disso ocorreu. Logo vem a associação com nomes famosos e surge aquele pensamento “poxa, isso é tão bom quanto Z! (alguma banda famosa)”. Se você investigar o porquê dos porquês, perguntará para a própria banda. Como auto-defesa, virá a resposta: “o público da época não estava preparado para o nosso som” ou então “nosso som estava à frente do nosso tempo”. Mas aí você, muito esperto, saca de música e do cenário da época , vê outros sons bem mais malucos, ousados, experimentais e vanguardistas que conseguiram êxito. E aí?
Enfim, sucesso não é só talento, não é só sorte, não são só recursos, não é só entendimento do cenário, não é só mídia e divulgação, não é só público, não é só crítica. É um misterioso conjunto de condições que, combinadas em maior ou menor proporção, coroam alguns poucos nomes. E, para a posteridade, conserva em seu bálsamo alguns pouquíssimos privilegiados. E para o insucesso, idem.
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