Por Ricardo Seelig
Colecionador
Atendendo aos incontáveis pedidos, as entrevistas da Collector´s Room estão de volta! Vamos mostrar, de tempos em tempos, o acervo de colecionadores de todo o Brasil, e, porque não, do mundo.
Pra começar essa nova fase, algumas mudanças: agora a sessão se chamará MINHA COLEÇÃO; saí do esquema de perguntas que era o padrão das matérias feitas anteriormente, porque acho que ele estava esgotado; procurei deixar as entrevistas mais breves e diretas; e aguardo sugestões sobre quem tem uma coleção que merece aparecer por aqui.
Pra começar, batemos um papo com o curitibano Aldo Edson, o maior colecionador de Edguy do Brasil, e dono de uma coleção que não se limita apenas a material da banda de Tobias Sammet, muito pelo contrário.
Então, longa vida a essa nova fase da Collector´s, e que venham novas entrevistas e colecionadores!
Boxes em vinil
Aldo, porque você acha que se tornou um colecionador de discos?
Comecei a colecionar discos de vinil com 13 anos de idade, em 1987. Naquela época não havia ainda ocorrido o boom do CD e o vinil era a única opção realmente interessante, já que a fita k7 era um formato que eu achava muito ruim. Como nessa idade é muito difícil ter grana pra gastar, eu sempre dava um jeito de economizar deixando de fazer lanche no colégio ou então mentindo para a minha mãe que precisava de dinheiro pra comprar algum material escolar (risos).
Alguns anos mais tarde, com o advento do CD, eu acabei dividindo a minha coleção em vinis e CDs. No entanto, isso durou pouco. A paixão pelo disco de vinil falou mais alto e atualmente só compro em CD aquilo que não encontro em vinil ou então algumas edições especiais com músicas bônus.
Quantos discos você tem?
Considero a minha coleção modesta em comparação a outras pessoas que já foram entrevistadas aqui na Collector´s, pois tenho aproximadamente 2.000 discos de vinil e uns 500 CDs. Se bem que eu adotei um critério na minha coleção, onde não importa apenas fazer volume e sim adquirir aquilo que realmente me interessa.
Alguns itens do Edguy em vinil
Quais são os artistas que você tem mais material?
Das bandas digamos mais atuais, eu me tornei um colecionador quase que obsessivo de tudo o que foi lançado pelo Edguy. Tenho todo o material original que já foi lançado por eles até hoje e também vários bootlegs, palhetas, baqueta, além, é claro, dos álbuns em vinil. Recentemente comprei no Ebay o primeiro CD deles, que saiu em 1995 numa edição limitada de 1.000 cópias, por aproximadamente 500 reais. Agora me faltam apenas as duas primeiras demo-tapes lançadas em 1994, mas estas eu jamais vi sendo vendidas, talvez só mesmo Tobias Sammet (fundador da banda) deva ter elas.
Fora o Edguy também tenho muito material das minhas bandas preferidas, que são os Rolling Stones, Kiss, Iron Maiden, AC/DC e Beatles. Mas desses grupos não dá pra colecionar tudo porque é muito complicado conseguir todo o material já lançado por eles. Em razão disso escolhi o Edguy, que também curto muito, para ser a banda a qual pretendo colecionar tudo a respeito. Por ser uma banda mais nova, a tarefa se torna bem menos complicada em relação às bandas mais clássicas.
Além dos LPs e CDs, que outros formatos de mídia você tem na sua coleção?
Tenho também mais ou menos uns 200 DVDs, os quais também adoto um critério pra comprar. Não sou daqueles que vai numa loja onde há promoções de diversos títulos e já sai comprando. Prefiro me ater às coisas que realmente gosto e que vale a pena ter, para rever sempre que der vontade.
Além de itens relacionados à música, você mantém também alguma outra coleção?
Sei que muitos agora vão me chamar de tarado, mas tenho a coleção completíssima da Playboy brasileira, desde sua primeira edição de agosto de 1975, quando ainda se chamava Homem ao invés de Playboy. Comecei a colecionar quando tinha uns 15 anos e fui conseguindo as mais antigas em visitas a sebos ou com colecionadores que estavam se desfazendo. Ainda bem que minha namorada não se opõe que eu continue a coleção, pois seria complicado ficar sem elas depois de tanto sacrifício para conseguí-las.
Qual o item mais raro?
Eu acho que o item mais raro que eu tenho é o primeiro disco do Roberto Carlos, de 1961, o qual apenas 500 cópias foram lançadas. Já saíram várias matérias sobre a raridade desse disco e certamente está entre os cinco mais raros do Brasil. Um exemplar em bom estado, como o meu, vale em torno de 2 mil reais.
O raríssimo primeiro disco de Roberto Carlos
E qual você pagou mais caro?
O item que eu paguei mais caro foi esse primeiro CD do Edguy que citei. Paguei cerca de 500 reais por ele. Já em relação aos discos de vinil, eu sou bem “pão duro” pra desembolsar um valor muito alto. Somente umas duas ou três vezes é que paguei mais de 100 reais por algum disco, e mesmo assim não foi muito mais que isso.
Qual você bateu o olho, deixou pra pegar depois e, quando voltou, já tinham chegado antes?
Uma vez, há alguns anos, eu vi numa loja um "Yesterday and Today" dos Beatles, com aquela capa em que eles estão vestidos de açougueiros. O preço estava bem convidativo, 80 reais se não me engano. Aí eu, numa tremenda vacilada, deixei de reservar e resolvi buscar no outro dia. Quando cheguei na loja o disco havia sido vendido a poucos minutos, segundo o vendedor. Até hoje não me conformo, pois nunca mais vi esse disco pra venda, ainda mais por esse preço.
De que países vêm as melhores edições de CDs?
Eu acho que o Japão é imbatível no que diz respeito aos CDs. Geralmente a maioria das bandas costuma presentear os japoneses com faixas bônus e outros mimos. Já a pior edição é a russa, que é muito sem-vergonha e mal acabada.
Quantos discos você compra por mês?
Ultimamente tenho sido bem modesto, tenho comprado cerca de cinco itens por mês em média. Uma das razões é que não tenho encontrado aquilo que procuro por preços aceitáveis. Aliás, quero aproveitar a oportunidade para criticar certos lojistas que são os principais culpados pela inflação exagerada nos preços do vinil. Atualmente colecionar discos tem se tornado algo muito complicado devido à ganância de alguns.
Com toda a sinceridade, se fosse para começar uma coleção de discos hoje eu pensaria duas vezes. Primeiro porque está cada vez mais difícil encontrar títulos que até bem pouco tempo eram comuns, mas principalmente pelos preços absurdos que estão sendo praticados pela grande maioria das lojas.
Você prefere ter vários itens diferentes ou várias versões de um mesmo álbum?
Depende da situação. Quando o álbum é de um artista que eu pretendo ter tudo, então compro o mesmo disco em vários formatos (LP, picture, CD, ...). Agora, se for de algum artista do qual não pretendo ter tudo, então compro apenas num formato, de preferência o vinil, é claro.
Qual formato você prefere: jewel case, slim case, digipack, mini vinil, ...
Dos citados eu prefiro o digipack. Mini vinil eu não gosto nem um pouco. Acho inclusive que o formato não deveria nem levar esse nome. Falou em vinil, automaticamente você se lembra do disco de 12 polegadas, pelo menos é o que eu acho. Talvez por isso é que eu nunca gostei de colecionar compactos de 7”, embora até tenha alguns.
Já encontrou algum ídolo pessoalmente?
Pessoalmente a ponto de conversar não, e sinceramente eu prefiro assim. Vou explicar o porque: vai que justamente no dia em que me encontro com ele, a pessoa não está num bom momento e nem me dá atenção. Eu acharia decepcionante! Então eu prefiro manter uma certa distância mesmo e apreciar apenas o talento refletido em suas músicas.
Qual a maior loucura que você já cometeu pela sua coleção?
Eu não cometi nenhuma loucura propriamente dita, mas já fiz alguns sacrifícios para aumentar o tamanho dela. Há alguns atrás, por exemplo, cheguei a gastar meu salário inteiro num lote de vinis que encontrei. Dei sorte de ser o primeiro a chegar, justamente quando o dono da loja estava descarregando os discos. O lote era fora de série, com discos bem raros. Aí não deu pra segurar! Acabei gastando além da conta, mas valeu a pena, não me arrependo nem um pouco.
O que falta ainda conseguir para a sua coleção?
Eu sempre digo que já consegui uns 90% daquilo que eu gostaria de ter. Os outros 10% são aqueles discos que vão dar bastante trabalho e muitos deles talvez eu nunca venha a encontrar. Além disso, como ultimamente tenho sido bem prudente com os valores pagos por cada item, acho bem complicado encontrar esses discos pelo preço que eu pretendo pagar. Mas não custa nada tentar. Já vi álbuns que valiam mais de R$ 100,00 sendo vendido por R$ 10,00 em determinadas lojas. O negócio é não ter preguiça de pesquisar.
O clássico "Death Penalty", lançado pelo Witchfinder General em 1982
Defina a sua relação com a música.
Eu diria que a música é um dos alimentos que a nossa alma precisa. Sei que essa frase é um pouco clichê, mas é a que mais se aproxima daquilo que sinto em relação a essa nobre arte. Claro que precisa ser uma boa música para que nossa alma se sinta realmente alimentada. Não adianta nada querer alimentar sua alma com funk carioca, Calypso ou KLB, por exemplo, senão você acabar fazendo com que ela sofra uma “intoxicação alimentar” (risos).
O que faz com que nós, colecionadores, sejamos diferentes da grande maioria dos ouvintes de música?
Eu acho que o diferencial é que nós realmente vemos a música como algo duradouro e de valor inestimável. Já os ouvintes de ocasião pensam apenas no prazer momentâneo e nada mais, sem se importar inclusive em avaliar a qualidade daquilo que ouvem, em muitos casos.
Já perdeu o sono por não ter comprado algum item?
O "Yesterday and Today" dos Beatles com a capa "butcher”. Esse vai ser difícil esquecer, ainda mais por R$ 80,00.
Na era do MP3, pessoas como nós, que ainda compram discos e se dedicam às suas coleções, são a exceção ou a salvação da indústria?
A salvação da indústria certamente não somos, mas que somos diferenciados da maioria dos consumidores isso eu tenho certeza que sim. Daqui a alguns anos talvez sejamos vistos ainda com mais estranheza por ainda colecionarmos “esses discos velhos”, como alguns dizem. Se eles soubessem o quanto isso é prazeroso não pensariam dessa forma. Mas sabe de uma coisa, eu até prefiro assim. Quanto mais restrito for o número de colecionadores, menor a concorrência (risos).
Pra fechar: se pudesse escolher apenas um item do ser acervo pra levar com você, qual seria?
Um apenas não dá. Me desculpe, mas vou citar pelo menos 10 álbuns que estão entre os meus preferidos. São eles:
1. Rolling Stones - Exile on Main Street
2. Kiss - Destroyer
3. Iron Maiden - TheNumber of the Beast
4. AC/DC – If You Want Blood, You´ve Got It
5. Led Zeppelin -Vol IV
6. Beatles - Help
7. Jimi Hendrix - Are You Experienced?
8. Black Sabbath - Paranoid
9, Metallica - Kill´Em All
10. Edguy - Theater of Salvation
Valeu Aldo, boa sorte, paz e sucesso!
cara, me apaixonei pelos seus discos do Edguy, diz aí como aonde você conseguiu eles?
ResponderExcluirSonho ter esses na minha coleção.
Ramon, vá no perfil do Aldo no orkut que lá tem várias fotos da coleção do Edguy e de outras bandas.
ResponderExcluirAbração.
Essa seção era uma das minhas preferidas no Whiplash. Que bom que continua na ativa. Parabéns ao Ricardo Seelig.
ResponderExcluirsegui a dica do cadão e vi no orkut um pouco mais da coleção do Aldo...o cara tem altos discos fodas lá, principalmente LP's , que é pelo que me interesso... coleção linda demais.
ResponderExcluirlegal a entrevista c/ o ALDO, deu pra notar qto ele é aficcionado, hehehehe
ResponderExcluirwww.loucospormusica.com
ResponderExcluirMuito legal sua reportagem Aldo !
ResponderExcluirParabéns pelo seu acervo!
Cris