Por Ronaldo Rodrigues
Colecionador
A História
Começaram com o nome de September, em 1970, em Amsterdam. O pessoal que integrou o grupo já era bem rodado no cenário musical da cidade, tocando com bandas de rock garagem e psicodélico. A primeira formação contava com Jan de Hont (guitarras e vocal), Ador Otting (teclados), Willem de Vries (baixo e vocal) e Frans Smit (bateria).
Esta formação registrou, pelo selo Imperial , um compacto com as canções “Little Sister” e "Walk On By". Conseguiram com essas canções até uma pequena repercussão na Holanda, mas por pouco tempo. O baterista Frans Smit pulou fora para ingressar no Brainbox (grupo do qual fazia parte o guitarrista Jan Akkerman, antes de tocar com o Focus), e foi substituído pelo baterista Jerry Göbbel.
Em 71, mais mudanças – sai o tecladista Ador Otting e entra Hessel de Vries, e o irmão de Jan, o também guitarrista Adri de Hont, entra para o grupo. Esta formação lançou outro compacto - "Jelly Rose"/"If Mr. Right Comes Along" . Veio o próximo single - "Chocker"/"Lydia Purple" e a formação da banda já era diferente - não contava mais com um tecladista e o baterista Jerry Göbbel cedeu a cadeira para Dennis Whitbred (que tinha tocado anteriormente com o Ekseption de Rick Van der Linden).
1972 foi um ano de mudanças. Vendo que os trabalhos anteriores não estavam dando em nada, decidiram mudar o direcionamento musical e o nome, passando a se chamar Cargo. Em meio ao efervescente mercado de rock do período e suas novas tendências, decidiram abandonar os singles e trabalhar em um álbum, com o foco agora no trabalho instrumental. Entraram em estúdio e registraram quatro longas e poderosas faixas, combinando um pesado hard rock com muito groove e space-rock.
A imprensa holandesa acolheu bem o trabalho, mas as vendas foram fracas, o que provavelmente motivou o fim do grupo no mesmo ano de 72.
O Disco
O disco de 1972 é repleto de andamentos maliciosos e riffados selvagens. Bateria e baixo precisamente alinhados fazem a agitação livre que move por puro frenesi majestosos solos de guitarra. O trabalho das guitarras não é algo que beire o surpreendente, mas é explorado ao máximo da amplitude que o redil daqueles talentos lhes permitia alcançar. Em todo o disco há sensatas parcerias harmônicas entre as guitarras, sempre tocadas com garra, musicalidade e senso sonoro. Os trechos com vocais são curtos e bem espaçados, sendo uma presença secundária, porém interessante na trajetória do som.
Em faixas como “Crossfind” e “Summerfair” há o típico groove setentista – wah-wahs, baixo bem marcado e toneladas de cordas de guitarra chacoalhando pulsadamente o ar ao redor com suas vozes ardidas e bárbaras. As reverberações e o fraseado constante em alguns momentos do disco oferecem um poder levemente hipnótico, que induz a vários minutos de extasiamento auditivo, mesclando suavidade e profundidade com muito peso. Contribuem para isso os timbres, que são encantadoramente datados, providos de toda a gordura e fluidez analógica.
De forma geral, não há muito o que destacar individualmente no álbum, que soa como um todo poderoso e original. A impressão que temos no trabalho é que alguém disparou as fitas de rolo e simplesmente deixou a coisa acontecer (o que aconteceu muito bem)!
O relançamento em CD deste disco, realizado em 1993 pelo selo Pseudonym, traz os três singles do September, que também são interessantes, mas possuem uma premissa diferente – ali, a idéia era soar mais como canção e menos como “viagem sonora”, com incursões de teclados e com os vocais capitaneando o som. Há bons momentos, especialmente no single “Chocker/Lydia Purple”, que tem sonoridade bem similar às faixas do disco. “Lydia Purple” é uma balada tocante, memorável. O vinil original da época é uma raridade grande e custará algo que beira o nível do “excêntrico” para ser adquirido.
Em faixas como “Crossfind” e “Summerfair” há o típico groove setentista – wah-wahs, baixo bem marcado e toneladas de cordas de guitarra chacoalhando pulsadamente o ar ao redor com suas vozes ardidas e bárbaras. As reverberações e o fraseado constante em alguns momentos do disco oferecem um poder levemente hipnótico, que induz a vários minutos de extasiamento auditivo, mesclando suavidade e profundidade com muito peso. Contribuem para isso os timbres, que são encantadoramente datados, providos de toda a gordura e fluidez analógica.
De forma geral, não há muito o que destacar individualmente no álbum, que soa como um todo poderoso e original. A impressão que temos no trabalho é que alguém disparou as fitas de rolo e simplesmente deixou a coisa acontecer (o que aconteceu muito bem)!
O relançamento em CD deste disco, realizado em 1993 pelo selo Pseudonym, traz os três singles do September, que também são interessantes, mas possuem uma premissa diferente – ali, a idéia era soar mais como canção e menos como “viagem sonora”, com incursões de teclados e com os vocais capitaneando o som. Há bons momentos, especialmente no single “Chocker/Lydia Purple”, que tem sonoridade bem similar às faixas do disco. “Lydia Purple” é uma balada tocante, memorável. O vinil original da época é uma raridade grande e custará algo que beira o nível do “excêntrico” para ser adquirido.
Esse álbum é fenomenal, Ronaldo. Escrevi sobre ele um tempo atrás, mas a sua resenha é infinitamente superior à minha.
ResponderExcluirAbração, e vamo que vamo!
Cadão, deixa disso meu caro! vi sua resenha no RYM e tá muito legal tb!
ResponderExcluirVamo nessa junto!
Abração!!!
Ronaldo