Por Ricardo Seelig
Colecionador
O estudante de engenharia eletrônica Herbert Jeffrey Hancock (diz-se que daí vem o seu gosto pela eletrônica na música que começou a criar no começo dos anos setenta) forma, junto com Chick Corea e Keith Jarret, a santíssima trindade dos pianistas mais influentes do jazz da era pós-Bill Evans e seu estilo cool.
Herbie tocou na famosa banda de Miles Davis entre 1963 e 1968, juntamente com vários outros músicos talentosos do free jazz que, como ele, também iriam despontar posteriormente para um maior reconhecimento, gravando com eles álbuns clássicos do post bop e do free, tais como Nefertiti (1968), Miles in the Sky (1968) e In a Silent Way (1969).
A partir dos anos setenta (após dois ótimos trabalhos solo - Mwandishi (1971) e Crossings (1972) - porém ainda bastante experimentais em relação ao que estaria por vir), quando realmente emerge o estilo fusion através de pilares do movimento, como a Mahavishnu Orchestra, Weather Report e Return to Forever, e o jazz elétrico de Miles, Hancock foi pegando cada vez mais o gosto por pianos elétricos, teclados eletrônicos e sintetizadores (apesar de nunca ter abandonado o jazz acústico por completo), lapidando e consolidando de vez sua bem-sucedida mistura de jazz funk nessa época, principalmente a partir do disco Sextant, de 1972. Muitos inclusive o consideram o único pianista do jazz contemporâneo no qual se fez perceber sensível influência de Jimi Hendrix, talvez no que diga respeito à explorações de novas sonoridades, timbres e ruídos de seus teclados eletrônicos, principalmente nos seus intuitivos improvisos em sintetizadores.
Thrust, de 1974, poderia ser considerado o álbum onde ele alcança o auge desta nova química musical proposta em Sextant, tanto em termos de inovação e elaboração, quanto de bom gosto - assim como os posteriores, Man-Child (1975) e a trilha do filme Death Wish (também de 1974, mas com expressão mais orquestral) que, contudo, apesar de ótimos também, já seriam apenas uma continuidade da chama de originalidade trazida por Thrust.
A partir dos anos setenta (após dois ótimos trabalhos solo - Mwandishi (1971) e Crossings (1972) - porém ainda bastante experimentais em relação ao que estaria por vir), quando realmente emerge o estilo fusion através de pilares do movimento, como a Mahavishnu Orchestra, Weather Report e Return to Forever, e o jazz elétrico de Miles, Hancock foi pegando cada vez mais o gosto por pianos elétricos, teclados eletrônicos e sintetizadores (apesar de nunca ter abandonado o jazz acústico por completo), lapidando e consolidando de vez sua bem-sucedida mistura de jazz funk nessa época, principalmente a partir do disco Sextant, de 1972. Muitos inclusive o consideram o único pianista do jazz contemporâneo no qual se fez perceber sensível influência de Jimi Hendrix, talvez no que diga respeito à explorações de novas sonoridades, timbres e ruídos de seus teclados eletrônicos, principalmente nos seus intuitivos improvisos em sintetizadores.
Thrust, de 1974, poderia ser considerado o álbum onde ele alcança o auge desta nova química musical proposta em Sextant, tanto em termos de inovação e elaboração, quanto de bom gosto - assim como os posteriores, Man-Child (1975) e a trilha do filme Death Wish (também de 1974, mas com expressão mais orquestral) que, contudo, apesar de ótimos também, já seriam apenas uma continuidade da chama de originalidade trazida por Thrust.
O disco foi lançado logo após o estrondoso sucesso do fabuloso Head Hunters e, além de novamente apresentar revolucionários grooves e novas linhas rítmicas de Mike Clark (sugerindo um novo conceito dentro do fusion), nos traz músicas com arranjos mais intrincados e trabalhados, além de performances mais complexas que o seu antecessor. O line-up é praticamente o mesmo de Head Hunters, à exceção de Mike Clark no lugar de Harvey Mason.
Principalmente nas duas primeiras faixas, “Palm Grease” e “Actual Proof”, e também na última, “Spank-a-Lee”, as criativas e elásticas linhas do saliente baixo de Paul Jackson (fundamental na estrutura musical), aliadas aos quebrados andamentos da segura bateria de Mike Clark, se entrelaçam e se combinam de modo sinérgico com as swingadas harmonias e timbres repletos de efeitos como phaser, flanger e wah-wah dos teclados de Hancock e as melodias dos metais de Bennie Maupin, propondo uma espécie de diálogo bastante inventivo e sugestivo entre os instrumentos. Os sofisticados improvisos, principalmente por parte de Hancock (em seu Fender Rhodes) e Maupin, são, como sempre, muito competentes. “Butterfly” seria o som mais cool do disco, apresentando um ótimo improviso de Bennie Maupin em seu sax soprano.
Desta maneira, é proposta à música uma sonoridade bem inovadora (para a época), descontraída e por vezes um tanto cômica, um traço típico da música negra norte-americana. É o puro jazz funk em ação.
Principalmente nas duas primeiras faixas, “Palm Grease” e “Actual Proof”, e também na última, “Spank-a-Lee”, as criativas e elásticas linhas do saliente baixo de Paul Jackson (fundamental na estrutura musical), aliadas aos quebrados andamentos da segura bateria de Mike Clark, se entrelaçam e se combinam de modo sinérgico com as swingadas harmonias e timbres repletos de efeitos como phaser, flanger e wah-wah dos teclados de Hancock e as melodias dos metais de Bennie Maupin, propondo uma espécie de diálogo bastante inventivo e sugestivo entre os instrumentos. Os sofisticados improvisos, principalmente por parte de Hancock (em seu Fender Rhodes) e Maupin, são, como sempre, muito competentes. “Butterfly” seria o som mais cool do disco, apresentando um ótimo improviso de Bennie Maupin em seu sax soprano.
Desta maneira, é proposta à música uma sonoridade bem inovadora (para a época), descontraída e por vezes um tanto cômica, um traço típico da música negra norte-americana. É o puro jazz funk em ação.
Faixas:
A1. Palm Grease 10:38
A2. Actual Proof 9:42
A1. Palm Grease 10:38
A2. Actual Proof 9:42
B1. Butterfly 11:17
B2. Spank-A-Lee 7:12
B2. Spank-A-Lee 7:12
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